quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

2010

Espero que 2010 seja um ano de bons filmes (o que não será verdade, infelizmente)! Pelo menos, realizadores como John Carpenter e Terrence Malick marcam o regresso e só por isso valerá a pena.

John Carpenter's watching you!













Robert Rodríguez, Oliver Stone, David Cronenberg, Roman Polanski, Steven Soderbergh, Tim Burton, George A. Romero, irmãos Coen, Woody Allen, Clint Eastwood e muitos outros verão obras suas estrear no grande ecrã e por certo que surgirão por todo o mundo novos cineastas com muito para dar...

...eu, por exemplo!


















Não critiquem a foto, todo o grande artista precisa de um grande vício!














Já agora o parêntesis de que o programa da cinemateca de Janeiro é bastante bom e que será iniciado um ciclo de retrospectiva da carreira de "Bloody" Sam Peckinpah. Algo que não perderei!

The Wild Bunch, o mais famoso filme de Peckinpah














Um 2010 cinéfilo para todos!

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

A "ementa" de Natal.

Ao contrario do que seria de pensar, apesar do dia de hoje promover um ritmo de descanso e lazer, apesar do corpo convidar a permanecer umas boas horas extra na cama, acordei no meu horário habitual de trabalho. Que frustrante! Vira para a esquerda, vira para a direita: não dá. Irremediavelmente acordado dei por mim a pensar em como preencher o dia de hoje. O tradicional almoço com a familia, responder às mensagens de felicitaçoes dos amigos e, como cinéfilo, ver um bom filme ao fim do dia.
Se bem que as entradas para esta epoca festiva já vieram: nos ultimos fins-de-semana dei largas ao espirito consumista e lembrei-me de completar a minha selecção de filmes de David Lean com o épico Doctor Zhivago. A clássica personagem heroico-tragica explorada mais uma vez pelo cineasta Britanico num filme que talvez tenha sido uma entrada algo pesada mas que me abriu o apetite e me levou no fim de semana seguinte a outra produção de grande escala que foi Amadeus de Milos Forman.

Por esta altura cheguei ao prato principal, no qual tenho sempre espaço para um filme de Kubrick: a escolha recaiu em A laranja mecânica (imagem à direita). Sem nenhuma razão em especial. No entanto o ambiente neo-futurista que envolve esta narrativa controversa de critica social permaneceu no fim do filme pelo que, quando a oportunidade surgiu, resolvi começar a ver o que eu chamo a a minha trilogia futurista de Charlton Heston. Um conjunto de filmes que o já falecido actor protagonizou numa fase avançada da sua carreira e que têm em comum o facto de a acção se desenrolar num futuro pós-apócalitico onde a sociedade regrediu, tecnológica e socialmente, num ambiente quase barroco. Assim as minhas ultimas noites foram passadas a ver o angustiante Planet of the apes, o antecessor de I am legend (intitulado The omega man) e o canibalesco Soylent Green.
Enfim, de "barriga cheia", mas com espaço para a "sobremesa e para o café". Enquanto escrevo estas linhas estou já a ponderar as varias hipóteses para logo: o habitual filme de natal, com todos os clichés e o tradicional Happy end? Ou talvez um bom puzzle mental, digamos algo de David Lynch?
A vontade logo dirá.

Despeço-me com votos de FELIZ NATAL a todos os meus amigos cinéfilos.

sábado, 19 de dezembro de 2009

APOCALYPSE NOW 30 ANOS DEPOIS

A discussão é sempre essencial. Mesmo quando se torna amarga ou triste - e diria, até, mesmo quando nos soa como uma conversa de surdos: em última análise, parecendo que cada uma das pessoas não se ouviu senão a si mesma, é bem possível que as palavras do outro tenham penetrado por uma porta subterrânea e permaneçam em nós, fazendo o seu lento e secreto trabalho, mudando ideias que estavam aparentemente consolidadas, mudando-nos.

Não imaginam as vezes que, no Clube de Cinema - ou nos projectos associados ao clube, como por exemplo este blogue -, as discussões me levaram a repensar o que tinha por assente. E, muitas vezes, a alterar o ponto de vista. Ainda bem.

Assim, de caras, recordo alguns exemplos: 1) quando referi Yul Brynner ou Leonardo DiCaprio como exemplos acabados de actores-canastrões, e me fizeram lembrar que, em The king and I, o primeiro tinha sido extraordinário e, em Revolutionary Road, o segundo representava, com invulgar brilho, um jovem marido-e-pai de uma família suburbana com demasiadas aspirações e expectativas da vida; 2) ou quando JC nos convidou a ver o 2001: Odisseia no espaço, obrigando-me (atacado de todos os lados simultaneamente), a tentar compreender e explicar por que razão gostara tanto daquele filme! Continuo a gostar muito de 2001, talvez goste agora ainda mais, mas certamente não me foi indiferente que a maioria do clube me tenha forçado a este exercício de perceber e fundamentar, perante mim próprio e perante os outros, tal gosto, digamos para simplificar, "elitista" e difícil.

Com Apocalypse Now, aconteceu uma experiência similar.
Trata-se de um filme que me interessou muito em 1979 ou 80. Mas, para mim, não ultrapassou, então, uma história de guerra, como outras, embora com grande força.
Apresentado, agora, no anfiteatro, por Ana Páscoa; revisto com uma outra maturidade e uma outra atenção; discutido, a seguir, com os presentes, Apocalypse Now foi um filme completamente novo que, de certa forma, eu nunca vira. Compreender, por exemplo, quem é Kurtz, o que o move a partir do mais fundo da sua personalidade estilhaçada, que nunca nos é inteiramente oferecida, ficando sempre dependente das interpretações que queiramos fazer ou das lógicas que lhe queiramos impor - logo a ele, cuja lógica própria tem tão pouco que ver com as "lógicas" que nós frequentamos -, ou por que razão aquela violência em estado quimicamente puro nos hipnotiza, ou que fantasmas e medos nossos acordamos em face deste filme, levam-me a sentir que, no cinema, para mim, nada está ou estará concluído ou esgotado. Nem sequer os filmes que já vi, e julgava ter definitivamente catalogado. Tudo se metamorfoseia e refaz. Tudo é outra coisa, porque me apontam um pormenor que me escapara, porque me propõem uma interpretação que eu não fizera, porque me levantam dúvidas, porque me levantam ligações, porque me levantam discordâncias.

O Clube tem-me, literalmente, educado para o cinema.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A marca da criatividade!

Ora bem não, eis-me de regresso ao blog do clube de cinema! Desculpas à parte _ as do habitual claro está: pouco tempo, muito trabalho, ou talvez aquela que está mais próxima da realidade que é a vontade de escrever! E esta ultima vem muito a propósito. Porquê? Porque ao escrever um comentário original estamos a criar algo. Sim, porque não?! É um acto de criação, no qual o autor partilha algo intimo de si próprio com os leitores. É um momento único e sublime que flui de forma diferente de pessoa para pessoa, ou para utilizar uma expressão popular, o acto de criação em si pode ser tão fácil e espontâneo como respirar para uns, ou tão difícil como arrancar um dente para outros".

Surgiu-me este pequeno exercício de comparação (algo exacerbado, poderão os caros bloggistas pensar) ao matar a curiosidade sobre as ultimas noticias do clube de cinema, concretamente o mais recente ciclo dedicado à criatividade. Talvez espevitado por esse tema, curiosamente a minha mente foi buscar os melhores momentos de um filme que gosto bastante e tem como personagem central um dos maiores génios criadores da musica clássica, Wolfgang Mozart. O filme em causa é Amadeus, de 1984.

Já há algum tempo tinha tomado conhecimento que o filme partia de uma peça teatral do mesmo nome e que, à parte das liberdades artísticas que sempre envolvem qualquer adaptação cinematográfica, os argumentistas aproveitaram a premissa da peça teatral, concretamente a forma original como a história é construída. Aquilo que habitualmente serviria de pretexto para duas ou mais horas de exposição gráfica e aleatória de elementos biográficos de um individuo, foi aqui construído de forma diferente, pois a história é contada na segunda pessoa, neste caso a de outro compositor ( F. Murray Abraham, no papel de António Salieri) contemporâneo de Mozart. É a luta pessoal de Salieri com as suas convicções religiosas e a sua devoção pessoal que estão no centro da história. A associação de Mozart à perfeição criativa e divina está implícita na narração de Salieri.

Muitos críticos acusam este filme, por um lado devido à forma negativista com que António Saliéri é representado, por outro pela falta de veracidade histórica em relação aos eventos e à descrição do próprio Mozart. O facto de que a história em si constitui uma interpretação dos factos por outra personagem dentro da narrativa é bastante pertinente, pois ao fim e ao cabo, o Mozart que vemos no grande ecrã é fruto das memórias e dos sentimentos ambíguos de ódio/veneração de Salieri, e não uma aspiração a registo histórico intocável!

Talvez, no fim de tantas palavras que já escrevi, o tema central da história esteja mais relacionado com o inicio do meu comentário. No fundo é a luta criativa que está patente no filme. O tal rasgo criativo que pode ser tão difícil, ou tão genialmente fácil de alcançar!

Uma ultima nota para a banda sonora do filme, composta à mais de duzentos anos atrás! Um exemplo da tal marca de criatividade (?) …



terça-feira, 8 de dezembro de 2009

E agora algo completamente desinteressante

No outro dia, sem saber precisar quando, (re)vi o filme From Dusk Till Dawn (1996), uma daquelas obras que rapidamente ascendem a obras de culto, por serem tão "bacanas". O filme é do realizador Robert Rodríguez, que assinou títulos como a Trilogia Mariachi, a Faculdade, Roadracers, a Trilogia Spy Kids, o genial, genial, genial Planet Terror e um dos segmentos do filme Four Rooms (o terceiro e, na minha humilde opinião, o Melhor). Para o ano estreará o filme Machete, sobre o qual já escrevi um post, numa passado longínquo. Ora, o que é tão desinteressante não é a filmografia do realizador (por outro lado!), mas sim o facto de um dos actores ser Fred Williamson, um tipo que eu não me lembrava de ter visto em qualquer outro sítio, nem julgaria que iria voltar a ver. É um actor afro-americano a que chamaram Fred "The Hammer" Williamson.




















Robert Rodríguez













Com Tarantino
















Trailer do Filme (o Fred Williamson é o é o gigante negro com ar fixe, não há que enganar)



Só por gozo, deixo aqui um vídeo com uma das cenas do filme (em que o Tarantino -um dos actores - vê o seu fetiche por pés femininos deliciosamente satisfeito - antes de ser mordido no pescoço)



Surpresa das surpresas, dois dias depois vejo o filme Inglorious Bastards (o primeiro, de 1978, cujo título está bem-escrito. Lembremo-nos que Tarantino chamou ao seu filme Inglourious Basterds, the Tarantino way of spelling it, como ele próprio disse). E o protagonista é, nem mais nem menos, Fred Williamson, um prisioneiro afro-americano (detido na prisão militar por algum crime que nunca descobrimos) que escapa para as linhas nazis com uma série de capangas e se vê embrulhado num bolo de alemães, americanos e partisans franceses. Pelo caminho, ele e os outros bastardos têm de capturar um comboio blindado (que dá o nome ao filme na versão italiana - por que o filme é uma produção italiana e o realizador, Enzo G. Castelari é italiano - Quel Maledetto Treno Blindato!). Em suma, um filme italo-americano de (quase black) exploitation com dez mil alemães mortos no espaço de 90 minutos! O que é curioso nisto tudo é que o From Dusk Till Dawn tenha sido escrito pelo Tarantino (que é o melhor amigo de Robert Rodríguez e que no fundo não deixe de ser um trabalho de parceria entre os dois realizadores) e, assim, quando o Fred Williamson é convidado a entrar no filme, percebemos já o interesse do nosso amigo Quentin no actor e, sem dúvida, no seu filme mais famoso, o Inglorious Bastards. 13 anos depois, temos o reflexo desse mesmo interesse: o Inglourious Basterds.

Ahahaha!















Versão Americana (esqueçam as frases alemãs)


















Versão Italiana

















Inglorious Bastards Trailer



Terminado o filme, fez-se luz. Atão não é que na semana anterior tinha (re)visto o filme Mash (1970, a sátira à guerra do Robert Altman que deu origem à famosa série), e o Fred Williamson interpretava o papel de um dos cirurgiões! Um actor que eu nem sabia que existia e, de repente, numa questão de uma semana vejo três filmes com ele! Fred Williamson! Fred Williamson! Fred Williamson!



































MASH Trailer



(Já agora fica a nota de que o Robert Duvall faz aqui um papel de cirurgião religioso, quase inofensivo, e que 9 anos mais tarde entra no Apocalypse Now e interpreta um oficial Americano sanguinário com chapéu à cowboy e que só pensa em fazer surf enquanto os seus homens estão a ser mortos - ambos papéis de sátira à guerra).

"We're gonna take this beach 'cause Charlie don't surf!")















Sobre Fred Williamson, um jornalista Americano disse: "Se alguma vez encontrarmos uma garrafa suficientemente grande para pôr o seu ego, precisaremos de um pinheiro como rolha". A sua imagem de marca, a fumar um grande charuto com ar relaxado, é exemplo disso mesmo.

















De facto, que coisa tão desinteressante.

domingo, 6 de dezembro de 2009

O QUE ANDA NO AR

Às vezes, não nos apetece «blogar». É natural: ou andamos com outros interesses, ou há testes que nos ameaçam e para os quais devemos estudar, ou se é pai de uma criança que nos não deixa dormir.
Mas é pena que o afastamento em relação ao blogue se dê, durante um certo período, simultaneamente com todos os seus escritores.

Entrementes, há coisas que convém assinalar.
O clube está empenhado até à ponta dos cabelos nas próximas comemorações dos 30 anos da escola:

1. O livro está em marcha. E, tal como o antecipo, vai ficar bonito, com a colaboração de uma quantidade de gente que, no meio de todos os seus afazeres, não se escusaram a colaborar.

2. Palpita-me que a sessão do dia 16 será memorável. Com um grande filme - para mais, tão típico da época em que a escola nasceu, 1979 -, escolhido e apresentado pela professora Ana Páscoa, essa será também a ocasião ideal para o lançamento do livro. Contamos com a presença de muitos dos mais de 30 colaboradores, o que fará uma sala cheia...

3. O museu do cinema está quase a abrir as portas. Importante será que comecemos a trazer os materiais a expor. Não convém deixar tudo para o último minuto.

E é isto. Entretanto, vamo-nos vendo por aí.