“(...) Discutir os gostos do outro não é desconsiderá-lo - pelo contrário, é valorizá-lo, e querer entendê-lo, é abrir um debate que, depois de aberto, pode levar a muitas novas conclusões, do outro ou de mim próprio.
Tentar convencer o outro de que o meu gosto é mais "gostoso" também não tem nada de mal, desde que eu o faça com argumentos e diálogo, num processo que me leva a ouvir também o que ele tem para me dizer dos seus próprios gostos. (...)
Joaquim Fidalgo
"Público" 15 Fev. 2006
Voltei a ver, há pouco tempo, o filme Beleza Americana (1999, Sam Mendes). O bom de rever filmes é que se descobrem novas perspetivas que são importantes mas fogem da história principal. Sim, o filme aborda os problemas de meia-idade de Lester Burnham (Kevin Spacey). Mas também fala de uma esposa em crise (Annette Bening) e revi a cena formidável em que ela, desesperada por ver que a “vida perfeita” que construiu está ser destruída pelo marido, ouve no carro, o apropriado “Don’t rain on my parade” (Barbra Streisand).
Dirigi agora a atenção para o bom desempenho das duas raparigas: a filha, Jane (Thora Birch) e a amiga, atrevida, Ângela (Mena Suvari). Thora, então com 17 anos, cria uma adolescente credível: reservada e crítica, e não pateta como, por vezes, são apresentadas as adolescentes no cinema. Fá-lo muito melhor do que Juliette Lewis (de 18 anos na altura), com a adolescente histriónica do Cabo do Medo (Scorcese,1991), trabalho pelo qual recebeu o óscar de melhor atriz secundária.
É claro que apenas vemos o resultado final. Não sabemos do argumento, da direção de atores, das indicações do realizador. Mas o que vemos faz sentido.
Estas adolescentes mais “sossegadas” associam-se frequentemente a raparigas mais extrovertidas, aparentemente mais seguras e experientes que fazem (ou dizem fazer) coisas que as amigas não têm coragem. Mas precisam da âncora e do contraponto uma da outra, pois não sabem lidar com a atenção que provocam. A atenção para elas significa serem aceites como crescidas mas como se adivinha o que não se sabe? Que fazer com o medo paralisante de parecer ridícula? As amigas protegem os seus “defeitos”. O desenho destas meninas está muito bem feito. Encontramo-las com frequência na escola. De todas as idades.
Para todos mas especialmente para elas… Boas Férias.
Entrega de Prémios do 3.º Festival de Curtas-metragens organizado pelo Clube de Cinema "Gostos Discutem-se" da Escola Sec. Prof. José Augusto Lucas em 06 de Junho de 2012.
Prémio Especial Aluno Mais Assíduo para David Santos que frequentou 28 das 30 sessões do CC de 2011/2012.
Outros alunos com muita assiduidade: Rodrigo Figueiredo (27), Carolina Barrosa (23), João Leão (20), Joana Silva (18), Ana Carvalho (17), Ana Sofia Pendão (17), Carolina Machado (15) Matilde Albuquerque (15).
Prémio Especial REVELAÇÃO para Carolina Machado pelo entusiasmo contínuo e contagiante e por ter sido um membro do CC que, recém vindo, imediatamente se integrou, com um grande interesse e dinamismo, tendo participado no Workshop de Guionismo, apresentado um filme ("Inquietos") e promovido a presença do Pai no Clube, a fim de apresentar e falar sobre um filme (Paris, Texas).
Concorreu também ao 3º Festival de Curtas com "As Caixinhas Dela".
Prémio MELHOR ACTRIZ para Madalena Delerue Frischknecht no filme "Quando os Monstros Deixam Pegadas".
"Pela enorme expressividade e naturalidade com que a actriz intrepreta um personagem que constitui, ao longo de toda a curta-metragem, o plano principal. Pela naturalidade com que se deixa acompanhar pela câmara numa história que lhe é inteiramente dedicada."
Prémio MELHOR ACTOR para Guilherme Tavares no filme "Krab".
"Pelo controle e seriedade do actor ao interpretar um papel onde não terá faltado vontade de rir.
Fazendo uso de uma expressão contida e natural, o actor consegue dar corpo a uma atmosfera que de simultâneo realismo e nonsense."
Prémio MELHOR IMAGEM para João Martins no filme "Focus".
"Pela qualidade extraordinária do trabalho de câmara, a suavidade expressiva dos planos, a luz.
“Focus” revela um trabalho de imagem impressionantemente profissional e uma montagem muito bem concebida, transmitindo claramente a proposta temática do argumento."
Prémio MELHOR MONTAGEM para Rodrigo Teixeira no filme "ILL".
"Pela noção de plano e de corte, de tempo e movimento.
A montagem de som e a combinação entre a música de Ryiuchi Sakamoto e as sequências filmadas conseguem criar a sensação de tensão e angústia associadas ao tema tratado – o bullying."
Prémio MELHOR REALIZAÇÃO e MELHOR FILME (ex-aequo)para Rodrigo Teixeira pelo filme "Imminent".
"Pela noção de narrativa fílmica, pela justa combinação dos tempos e dos planos, pela leveza e expressividade da imagem, pela adequada escolha dos actores, “IMMINENT” resulta num filme coeso, equilibrado e com apreciável valor estético."
Prémio MELHOR FILME (ex-aequo) para Filipe Caetano em "Krab".
"Pelo uso profissional do tempo, pelo rigor do enquadramento, pelo contido humor que reside no inteligente aproveitamento de uma situação realista, pelo profissionalismo do actor, “KRAB” é um filme surpreendente, coerente e conseguido no seu todo."
Prémio MELHOR ARGUMENTO para Inês Oliveira pelo filme "Quando os Monstros Deixam Pegadas".
"Pela qualidade artística e pela originalidade do tema. Pela beleza e profundidade do texto que, embora não totalmente traduzido em imagem da forma mais eficaz, constitui um argumento notável e um ponto de partida que possibilita inúmeros interpretações cinematográficas."
Prémio MELHOR FILME para Ana Carvalho e João Leão em "Miguel"
"Pela construção e coesão narrativa. Pelo equilíbrio e justa articulação dos diversos elementos fílmicos. Pela qualidade artística de alguns planos. Pelo recurso à sugestão do não dito, ainda que irregularmente conseguido, “Miguel” é já um filme."