domingo, 31 de maio de 2009

Depois da tempestade...

Não sabia que era humanamente possível estar constantemente a lutar por coisas tão Estúpidas pelas quais vos vejo lutar. Mas pelo vistos é. HAJA GUERRA. Sem Guerra não há paz. sem Destruíção, não há regeneração, Sem mortes (infelizmente), não se dá valor à vida. E sabem que mais, Sem ÓDIO, não há AMOR.
Nas 5 encarnações que seguem as vossas almas hão de continuar imcompatíveis, mas por favor, Lutem com floretes e punhais (verbais) se for preciso. Lutem, de uma vez por todas. O nosso velho planeta terra aguentou duas guerras mundias, vocês já devem estar na 27ª.
Discutam, argumentem, refutem, e imponham a vossa opinião. (Não às mijinhas, como costuma ser!)
Desta vez, peço-vos, não quero paz. Quero GUERRA.
E sabem que mais, estou outra vez a ser EU: a dar a minha opinião quando ninguém a pede, a agir impulsivamente, a " ser pseudo-intelectual", "rapariga-estranha-com-relação-espiritual", e o mais importante, a meter-me numa batalha entre dois colegas casmurros, que, apesar de infantis, por vezes mal educados, cujas almas valem por si, e não pela "cultura" ou "inteligência"que têm, tiveram ou possam vir a ter, ADORO, mas Whatever!
There will be blood!
Haja tempestade, depois, mares de calma.
Não afundem mais este nosso "friend-ship".




Post Scriptum:
(Oh pah! o que importa é a mensagem .. tou-me pouco lixando para os erros ortográficos.
Get a Life!)

sábado, 30 de maio de 2009

A Turma do Clube de Cinema

Fico feliz por constatar que aquele aluno que eu conheci em Novembro de 2008 na companhia do João Sacramento é uma pessoa diferente. Já não cora (tanto) quando tem que falar em público. É um aluno interessado em tudo o que seja manifestação cultural da Eslav. Às vezes ainda “salta para cima de algumas janelas” desconhecendo os perigos daí existentes… Mas também atire a primeira pedra quem não fez (faz) coisas parecidas. A vida também contempla os erros. É preciso é que saibamos aprender com eles. Além disso é o nosso técnico de serviço do Clube de Cinema. Esse aluno é o André Vieira.

José Pacheco mais uma vez obrigado por me teres desafiado a avançar com este projecto. Este ano sinto-me mais realizado como professor porque conheci gente jovem com muitas qualidades. Provavelmente alguns deles podiam-me passar perfeitamente despercebidos na sua passagem pela escola.

Hoje decidi falar do André Vieira.
Outro dia poderei falar do João Sacramento, do André Jorge, da Mónica, do Vasco, da Beatriz, da Eliana, do Ruben, do Guilherme, do Afonso e claro também do Eça.
Espero não me ter esquecido de ninguém.
Todos foram (vão ser) importantes no desenvolvimento desta ideia de ver filmes e de os discutir democraticamente. Não é isto desenvolver o espírito crítico?

Uma última palavra também para todos os professores (e em especial para o João Camacho) e alunos que animaram as nossas sessões. Os vários contributos mesmo que não tenham sido regulares merecem sempre o nosso apreço.

Isto soa um pouco já a nostalgia mas os momentos de pausa também são necessários (neste caso as férias) para que se renovem as energias.

Deixo-vos com um tema musical de um filme que faz parte da minha galeria de favoritos. Quem sabe talvez um dos que eu possa vir a apresentar para o ano.



Ah é verdade. Já temos assumidamente mais um membro do Clube e chama-se Filipe André Valadas do 10º A. Bem-vindo.
Esperemos que para o ano apareçam mais…

sexta-feira, 29 de maio de 2009

A Onda (Die Welle)

O ano escolar está mesmo a chegar ao fim. O comentário que eu faço no final de cada ano é sempre o mesmo, mas este foi sem dúvida o ano em que eu mais senti isso: "Isto passou a correr!" Ainda me lembro da nossa primeira sessão do Clube de Cinema, na sua fase primitiva, com apenas dois alunos e alguns professores. Enfim, tenho a certeza que para o ano vamos continuar e ainda tenho esperança que se faça mais do que uma sessão por semana! Para um grupo de cinéfilos sérios como nós, um filme por semana é muito fraquinho :P

Bom, isto já está a soar a despedida, mas ainda temos duas sessões prometedoras pela frente! Para relembrar os mais esquecidos: Dia 3 de Junho, o Johny Darko vai apresentar "Four Rooms". No dia 9 de Junho, eu vou apresentar "Cinema Paradiso", sessão essa que (em princípio) será a última deste ano.

Falando agora do filme que passou na última quarta-feira, 27 de Maio, na nossa pequenina mas acolhedora sala 44, a cabana secreta do Clube dos Cinéfilos Vivos. Esta foi uma sessão especial que contou com a participação do Clube de Alemão da nossa escola. Sim, mais um dos infinitos clubes desta escola fantástica :) O filme foi "A Onda (Die Welle)" , apresentado pela professora Ana Paula Fonseca. É um filme alemão, lançado em 2008 e baseado e inspirado numa situação real que ocorreu em 1967. Deixo-vos com um pequeno vídeo do filme:


Este filme fez-me lembrar um dos meus filmes favoritos, "O Clube dos Poetas Mortos". É, mais uma vez, uma filme que fala sobre o papel e a influência que os professores podem ter sobre os seus alunos. Sim, porque qualquer aluno sabe que a função de um professor não é, de todo, despejar todo o programa e matéria que tem para dar e nada mais. Um professor tem um papel muito importante na formação cívica e moral dos alunos. Nós passamos a maior parte do nosso tempo na escola e é precisamente nesse sítio que aprendemos a viver em sociedade e onde nos formamos enquanto pessoas. É claro que não é só na escola. Grande parte da educação também vem de casa e os pais têm muita influência nos filhos, algo de que eu me tenho vindo a aperceber cada vez mais. Voltando ao filme.

A história passa-se numa escola secundária alemã aparentemente normal. O professor Rainer Wegner é um daqueles professores modernos e bem-dispostos de que todos os alunos costumam gostar. É-lhe proposto pelo director, leccionar à sua turma o tema Autocracia. Wegner decide tentar uma forma original e diferente de dar este tema e tenta criar um ambiente fascista/nazi na sua turma, como forma de exemplo. O professor exige que os alunos o tratem por Sir Wegner e que se levantem da carteira quando querem participar na aula, utilizando sempre respostas com frases curtas e concisas. Juntos decidem arranjar um nome para o grupo (Die Welle), um símbolo, um cumprimento padrão e um uniforme (jeans e camisa branca). A turma começa a enstusiarmar-se, a sentir-se orgulhosa do seu projecto e unida como um só. Os alunos começam a levar o assunto demasiado a sério, transportando a experiência para fora da escola, criando um estilo de vida diferente. Ao princípio, o próprio Wegner sente-se orgulhoso e ambicioso com o sucesso do seu projecto, mas depois apercebe-se de que algo não está bem na atitude de alguns alunos. Só que só se apercebe tarde demais...


ACTOR'S STUDIO

As pessoas ter-me-ão, porventura, tomado demasiado à letra quando eu afirmava que, na minha opinião, a maioria das peças teatrais não deveria ser transplantada para o cinema. A ênfase desta afirmação, deliberadamente polémica, teria de ser posta em «na minha opinião», «a maioria» e «transplantada»: eu sei que há, como se me respondeu, diversos casos de sucesso na adaptação de argumentos teatrais; eu sei que tudo depende de «quem o faz», e que «às vezes sai bem e outras sai mal». Quis, sobretudo, chamar a atenção para que a afinidade entre as duas linguagens, o teatro e o cinema, tem limites. Há mais do que algumas características diferentes entre as duas, há uma natureza diferente, embora sejam ambas artes de representação. Mas, em última análise, mesmo a representação que se espera dos actores no teatro, mais artificial e grandiloquente, deve ser evitada em cinema. Não é essa uma das razões pelas quais não gostamos de ver actores de teatro, com a sua voz bem colocada e altissonante, com o gesto demasiado artificial, típicos do palco, representando papéis de uma forma que, no cinema, nos soa sempre cabotina?


Isto dito, não ignoro o que o cinema deve ao teatro.










Por exemplo:
Um encenador e teórico russo da dramaturgia, Stanislavski, foi o inventor, para teatro, de um método de representação que viria a ser adoptado com enorme sucesso por uma escola de cinema de Nova Iorque, que fez História: ensinava uma série de regras para a encarnação da personagem, dotando os actores de meios eficazes para sentirem as emoções que deveriam representar. Era uma fórmula exigentíssima e rigorosa que, levada ao extremo - como, aliás, segundo Stanislavski, devia sempre ser levada - podia conduzir os espíritos mais frágeis à loucura. Mais do que vestir um papel como quem veste um fato que se deixa, depois, no cabide, o que Stanislavski propunha era uma pesquisa aturada e uma observação minuciosa do carácter a ser representado, seguidas de um autêntico mergulho, do actor, ao fundo de si mesmo e das suas emoções pessoais, de forma a encontrar os elementos de uma identificação absoluta da pessoa-actor com a personagem-tornada-pessoa...

No cinema norte-americano, o método de Stanislavski, que viria a ser popularizado simplesmente como «o método», foi ensinado na tal escola nova-iorquina, o célebre Actor's Studio, (que era a cisão de um grupo de teatro fundado por Elia Kazan, entre outros; o Actor's studio viria a ser ditatorialmente dirigido pelo rebelde Lee Strasberg, na foto: já agora, clique, aqui, sobre este nome...) estúdio de actores esse que formou, ou até: que fez alguns dos mais perfeitos actores da História do cinema americano.


De Dean e Brando a Newman e Jane Fonda ou, mais recentemente, de Pacino a De Niro ou a Hoffman, é fácil percebermos que estamos perante indivíduos de uma mesma escola de actor: são aqueles que aprenderam a prescindir praticamente da caracterização, aqueles que, em vez de «parecerem» mais gordos preferem engordar efectivamente para compor uma certa personagem (como o caso óbvio de o Touro Enraivecido), aqueles que não fingem afogar-se para uma cena mas, ao invés, vivem de forma absoluta e traumática a experiência do afogamento, aqueles que não representam a paixão mas a experimentam genuína e convictamente, buscando em si todos os recursos afectivos e emocionais para darem corpo ao sentimento requerido, numa abolição de todas as fronteiras e distanciamento entre si e a figura que compõem.















Portanto, é evidente que, quando penso que o teatro e o cinema são línguas diferentes, não estou a dizer que não haja pontes, ligações, aproximações, passagens, influências, traduções. Muitas? Eu sei. Algumas excelentes? Eu sei, eu sei...

quarta-feira, 27 de maio de 2009

EI-LO DE NOVO

Aqui está o excertozinho que eu tinha postado sobre Arena, de Salaviza, e que, entretanto, sabe-se lá porquê, acabara por desaparecer...

a face escondida do bilhete que se encontra no cabeçalho do nosso blogue


Eis chegado o momento de revelar a face escondida do bilhete que se encontra no cabeçalho do nosso blogue. Talvez esta minha necessidade de recordar se deva também ao facto de, na minha opinião, ser necessário ler e aceitar como ponto de partida para qualquer discussão no Clube de Cinema o texto escrito pelo jornalista Joaquim Fidalgo que se encontra por cima desse bilhete.

Em 05 de Maio de 1974 eu tinha 17 anos. Estava a viver um dos momentos mais felizes da minha vida e a presenciar um conjunto de acontecimentos políticos e sociais que iriam ser determinantes para a minha formação como ser humano. Por outro lado, como estava à beira de fazer o serviço militar (com a inevitável viagem para combater numa guerra sem sentido) em face do sucedido tudo se alterou. Quatro dias antes (no primeiro 1º de Maio de liberdade) eu tinha assistido a uma manifestação de solidariedade humana que jamais esquecerei. Por isso também nesse dia 05 de Maio de 1974 a sessão de cinema que assisti foi o culminar de um conjunto de sentimentos da totalidade das pessoas que assistiram ao filme: “O Couraçado de Potemkin” do realizador soviético Sergei Eisenstein.

Nessa data já me considerava um amante de cinema. Comecei a fazer registos (ainda os faço actualmente) dos filmes vistos a partir de 1972. Mas antes já teria visto uma boa centena de filmes. Recordo-vos que nessa época os filmes eram visionados somente no cinema (muito poucos na televisão) e principalmente todos eram sujeitos aos cortes da censura. Outros nem sequer chegavam a entrar no circuito comercial como era o caso de “O Couraçado de Potemkin”.

Estavam então reunidas as condições para se tornar a tal sessão inesquecível da minha vida: sala esgotadíssima (o cinema Império era enorme) e todas as pessoas se comportavam como se partilhassem um momento único. Nos momentos do filme mais emocionantes as pessoas batiam palmas demoradas vezes e gritavam nas cenas mais dolorosas e angustiantes. Como a famosa cena da escadaria de Odessa que vos convido a espreitar:



Este filme é de 1925 (mudo portanto) mas com um acompanhamento musical de compositores soviéticos célebres. Essa música acentuava e intensificava a dinâmica de montagem que para a época era considerada excepcional. Para muitos cinéfilos, nos quais eu me incluo, continua a ser uma obra-prima do cinema.

Ah já me esquecia. No final da sessão com as luzes da sala iluminando os presentes viam-se ainda nos rostos das pessoas lágrimas de alegria…

terça-feira, 26 de maio de 2009

Coisa pouca...

Sei que não tenho estado muito participativa no blog, ainda que venha cá sempre que posso. De qualquer modo para quem anda com mais tempo para ler umas coisinhas que para escrevê-las, deixo-vos um blog que me tem preenchido o pouco espaço que tenho para essas coisas e que me vai informando com algumas novidades:

Sound & Vision:
http://sound--vision.blogspot.com/ de Nuno Galopim e João Lopes, tem novidades de música, cinema e de vez em quando de outros assuntos. Tem também links para inúmeros sites que ainda não visitei e que talvez sejam interessantes para quem gosta destes temas.

Dia 23(já oiço vozes a festejarem o dia) tento voltar em peso.

Ah e tenham lá calma com os posts, que sempre que aqui chego deparo-me com meia dúzia de posts para ler, mais os respectivos comentários (sempre muito polémicos). É demasiada informação para digerir!

ESTAREMOS AINDA?!

O Clube de Cinema, como se lembrava no texto com que inaugurei este blogue, foi uma autêntica aventura que teve início a partir de uma conversa entre duas pessoas, as quais foram, depois, tentar fazer crescer as hostes.

Manteve-se, durante imenso tempo, um «clube dos poetas mortos», muito poucos e clandestinos, ocultos nas catacumbas da escola, unidos pelo Espírito Santo que era a fé e a paixão pelo cinema.
Depois, cresceu. E subitamente, estas relações de um grupo entretanto alargado, tornaram-se tensas e complicadas, num espectáculo, por vezes triste, de intolerância, imaturidade, combates mortais entre diferentes perspectivas, pouca seriedade nos argumentos.

Devo dizer que fico amargurado por verificar a facilidade com que as pessoas, mesmo as pessoas inteligentes e cultas que são os jovens que tenho vindo a descobrir neste clube, preferem o caminho mais fácil: o insulto, a humilhação do outro, o desprezo pelos demais. E, atenção: não estou a denunciar este ou aquele, porque acho que vários elementos têm responsabilidade na degradação do ambiente.
A impulsividade com que se responde a um comentário que não nos agradou, a ligeireza com que se apagam os textos que não nos soaram bem, a dificuldade em se ouvir o outro, a desconfiança e a irritação que se têm generalizado fazem-me às vezes perguntar - devo confessá-lo, por excessivo que isto vos pareça, mas, que é que querem? também tenho as minhas crises de pessimismo... - se não andaremos todos aqui a perder o nosso tempo...

Depois, abrando a minha fúria. Revejo tudo. O que se ganhou ao longo deste tempo. As intervenções construtivas, apaziguadoras, as aproximações, a descoberta de uma cinematografia menos conhecida pelo senso comum, a delirante discussão das ideias! E, sobretudo, a importância que todos e cada um tiveram para tornar o clube naquilo que ele é no seu melhor: O João, o André e o André Jorge como pilares desde o primeiro momento, com a sua sensibilidade apurada, a sua curiosidade e o seu gosto pela conversa inteligente, a Beatriz, a Mónica e a Eliana, com a sua cultura, serenidade e maturidade femininas, às vezes quase maternais no pôr dos pontos nos ii, o Eça com a sua vasta sabedoria cinematográfica, que me despertou para o novo de tanta coisa antiga, o Guilherme com o seu desarmante e divertido prazer por refutar, o Vasco, o Rúben, o Afonso, com a sua cativante vontade de participar, partilhar ideias e aprender, o Márcio, a Madalena e a Marta, no seu empenho intermitente, entre tantas outras tarefas próprias de professores em períodos difíceis, o extraordinário João Camacho, que foi uma revelação, na sua discreta mas sempre pertinente entrega ou, last but not the least, o incansável Francisco, como uma alma que vela, se dedica, se entrega a um trabalho apaixonado em todas as frentes, sem o qual nada seria coisa alguma, foram sendo, afinal, o segredo desta dinâmica.

E dou por mim a pensar que valeu a pena, que continuará a valer se, entretanto, soubermos crescer, se aprendermos a crescer uns com os outros. Não só como cinéfilos, que diabo! Como pessoas!

American Film Theatre

O simples facto do professor José Pacheco ter escrito um texto sobre o filme Who's Afraid of Virginia Woolf? é uma verdadeira coincidência, pois ainda no sábado eu tinha visto o filme A Delicate Balance, de Tony Richardson, baseado também numa peça de Edward Albee. Este filme, com as interpretações de Katharine Hepburn, Paul Scofield, Lee Remick, Joseph Cotten, Kate Reid e Betsy Blair, conta a história de um casal (Hepburn e Scofield) que leva uma vida aparentemente normal. No entanto, à medida que a acção se desenrola, descobrimos que a irmã da personagem interpretada por Katharine Hepburn é uma alcoólica intratável que entra em conflito com esta. Entretanto, chegam à casa onde decorre a acção três novas personagens: a filha dos protagonistas (que com 36 anos já teve três casamentos falhados e acaba agora de se separar do quarto marido) e um casal de amigos (que, assustado com algo que nunca é revelado durante o filme, foge para casa de Hepburn/Scofield). Como é óbvio, estas seis personagens vão entrar imediatamente em conflito e Albee explora assim temas como os limites da amizade, o alcoolismo, o casamento, a família...
















Este filme insere-se no chamado American Film Theatre, criado nos anos 70 pelo produtor Ely Landau, que queria adaptar ao cinema uma série de peças de teatro famosas. O objectivo é simples: filmar teatro. Nada mais. Não existem quaisquer intenções de se adaptar o drama ao cinema. Por isso, os actores contratados vinham quase sempre do meio teatral e a realização era simples e sem efeitos, a câmara sempre estática.













É isso que distingue este American Film Theatre, sem querer estar a dizer mal ou bem, de outras peças adaptadas do teatro (mas com pretensões cinematográficas) e que deram também origem a excelentes filmes (The Night of the Iguana, A Streetcar Named Desire, Cat On A Hot Tin Roof, Suddenly Last Summer, Stalag 17, The Servant...). Desta série de filmes, destaco Three Sisters (Laurence Olivier/ John Sichel), Luther (Guy Green), The Iceman Cometh (John Frankenheimer), The Homecoming (Peter Hall), Butley (Harold Pinter), Rhinoceros (Tom O'Horgan), Galileo (Joseph Losey) e The Man In The Glass Booth (Arthur Hiller).

A Delicate Balance



Embora os actores fossem famosíssimos, recebiam apenas um ordenado de 25.000$. Mas eles aceitavam, pois iam interpretar papéis prestigiosos e, portanto, muito cobiçados. Lee Marvin (o protagonista de The Iceman Cometh), que pedia 750.000$ para entrar num filme disse, a brincar, que tinha dado um desconto de 725.000$ ao produtor.

QUEM TEM MEDO DE UM FILME QUE FAZ DOER?

1. O teatro e o cinema são exercícios artísticos totalmente diferentes.
As possibilidades, no cinema, de mudança de ângulo e de plano, ou de vertiginosas transições de cena, que transportam o espectador para autênticas viagens no espaço ou no tempo, não existem, é claro, em teatro. O que não torna, este, uma arte menor ou menos rica do que aquele: o teatro usa outros recursos que intensifiquem por exemplo a história, o espaço cénico, a representação dos actores.
Em todo o caso, essa diferença de meios e forma justifica a minha opinião de que a maioria das peças teatrais nunca deveria ser transplantada para o cinema.

2. Ora no filme que vou referir, teríamos, à primeira vista, todos os ingredientes reunidos para um desastre. Para começar, porque se trata precisamente da transplantação de um célebre argumento, da autoria de Edward Albee, do teatro para o cinema. Em segundo lugar, porque não há senão quatro personagens: por um lado, um casal com uma relação aparentemente tranquila, mas que mascara, sob esta, uma amarguradíssima zona de feridas, ressentimentos e conflitos nunca resolvidos; por outro lado, um casal visitante, mais jovem, carregado de esperanças e sonhos ainda não contaminados por quaisquer traumas perante a realidade, e que irá - sem querer, sem se aperceber de como tudo sucede - desencadear o descontrolo dramático da situação e das relações. Como se não bastasse, toda esta tremenda experiência de revelações de segredos que condicionam aquelas pessoas, embebidas em sofrimento, é filmada, por Mike Nichols, a preto e branco, o que poderia funcionar, a fazer fé na confissão do Afonso, como um acrescido factor de distanciamento para o espectador...

3. E, no entanto, o que acontece é precisamente o contrário: Elizabeth Taylor e Richard Burton ganham, em Quem tem Medo de Virgínia Woolf?, papéis à sua medida: se não OS papéis da sua vida, certamente algo muito próximo dos mais intensos e complexos, nesta recriação de caracteres que vivem, ou melhor, sofrem a sua relação como um trágico jogo de amor-ódio, simultaneamente sombrio e tempestuoso, marcado até ao fundo pelo alcoolismo e por um mútuo e não assumido desrespeito, que se serve do mais cortante e doloroso sarcasmo.
George Segal e Sandy Dennis, na minha mais do que discutível opinião, nunca mais encontrariam papéis tão magníficos, sendo que George Segal terá sido, depois, empregue numa data de filmes menores e séries sofríveis de televisão, e que, de Sandy Dennis, perdi completamente o rasto...

segunda-feira, 25 de maio de 2009

PALMA DE OURO PARA JOÃO SALAVIZA

Para já, só assinalar: sem acrescentar coisa alguma...

9º Comentário

Após o 8º comentário feito pelo meu amigo Eça ao meu texto "Agora com mais tempo..." de 23 de Maio, decidi escrever este 9º comentário:

"Olha Eça, quando eu tinha a tua idade e já gostava muito de cinema também costumava dialogar com uma pessoa mais velha (posso até divulgar que se tratava do meu cunhado) em discussões infinitas sem sentido... Na maioria dos casos eram como "braços de ferro" cujo fim não era um diálogo honesto para conseguir alguma verdade. Como eu ainda era muito jovem não conseguia compreender (faltava-me um pouco de maturidade) que do outro lado apenas havia o interesse em fazer estender a discussão sem atender aos argumentos invocados. Só pelo prazer de conseguir aborrecer a outra pessoa. Depois de muito aconselhado pelo meu Pai a pouco e pouco fui abandonando esse tipo de discusão estéril e fui deixando essa pessoa a falar sozinha... Continuo a manter a amizade que me liga a essa pessoa mas quando percebo que, no caso de haver diferenças de opinião, estou novamente a ser conduzido para discussões em que a outra já nem ouve os meus argumentos, páro. Como a intenção de discutir ideias que está subjacente a este Clube de Cinema (e este blogue) é bastante mais positiva eu continuo a pensar que se devem discutir os gostos duma forma honesta. E por isso relativamente ao assunto "2001: Odisseia no Espaço" eu vou PARAR de dialogar contigo."

No entanto estou aberto a outros diálogos, partilhas, relatos de histórias interessantes sobre cinema porque eu acredito sempre que as pessoas inteligentes como tu estão sempre a tempo de saberem tirar partido das capacidades que têm para unir as pessoas num espírito de solidariedade próprio dos ideais que defendem. Por isso Eça, eu continuo teu amigo cinéfilo.

Já agora apetece-me relembrar um excerto do filme que inaugurou o nosso "Clube de Cinema" - O Bom Rebelde de Gus Van Sant. Vou levá-lo para a próxima sessão para as partilhas cinéfilas...


My name is Connery... Sean Connery (stupid scot)

Acho que o Sean Connery é um actor extremamente irritante, e não me parece que ele tenha sido O James Bond.









Por outro lado, prefiro, de longe, a interpretação do Roger Moore, que traz à personagem aquele humor inglês indistinguível. Mas este é um assunto muito polémico, e é raro eu estar a falar com duas pessoas e descobrir que elas preferem o mesmo actor. Conheço quem prefira o Pierce Brosnan (penso que seja mais pela acção introduzida nos filmes do que pela representação), conheço quem se mantenha fiel ao actor original (como o professor José Pacheco), conheço quem se fascine com o humor de Moore (como eu). Os outros três, que eu saiba, não conquistaram muitos fãs. E há até quem prefira o David Niven, quando ele satiriza o herói cinematográfico no filme Casino Royale, de 1967...

CASINO ROYALE TRAILER



...filme esse que conta com as interpretações de Peter Sellers, Woody Allen, Ursula Andress, Deborah Kerr, Orson Welles, William Holden, George Raft e John Huston (este é também um dos quatro ou cinco realizadores do filme).
















Mas não me parece que este assunto seja propriamente o epicentro da história do cinema. Por isso, aproveito também para falar do Sean Connery. É um actor que entrou num declínio tal que se reformou da carreira de actor e disse com pesar que estava desiludido com os "idiots now in Hollywood". Apesar de não ser o meu tipo de actor, entrou numa série de filmes importantes de meados dos anos 60 até ao início dos anos 80. Destes filmes, destaco alguns: Woman of Straw (Basil Dearden), The Hill (Sidney Lumet), A Fine Madness (Irvin Kershner), The Molly Maguires (Martin Ritt), The Anderson Tapes, The Offence e Murder on the Orient Express (Sidney Lumet), The Wind and the Lion (John Milius), The Man Who Would Be King (John Huston),

THE MAN WHO WOULD BE KING - THE END



Robin and Marian (Richard Lester), A Bridge Too Far (Richard Attenborough), The First Great Train Robbery (Michael Chrichton), Five Days One Summer (Fred Zinneman) e Wrong is Right (Richard Brooks). Há outro filme do Sidney Lumet (Family Business) que nunca vi e não posso comentar. É claro que aqui não conto com os 007's, uns dos quais eu gosto e outros não tanto. Esta figura ficará para sempre conhecida por dois tipos de papéis, essencialmente: os de James Bond...
















e os de figuras históricas (Rei Artur, Robin Hood, Mulai er Raisuli, etcetera).
















Mais recentemente, entrou nuns filmes absurdos de espionagem com a Catherine Zeta-Jones e numas péssimas adaptações de BD. Enfim, parece-me que a carreira deste actor está terminada. Mas não se pode dizer que nasceu em vão...

PARA DESCANSAR DO HUMOR E DA ODISSEIA E DO HUMOR E DO HUMOR E DA ODISSEIA E do humor e da...

De acordo, Eça, detectaste o vírus que tem atacado o blogue: andamos entre Odisseia e Humor. E Humor. Odisseia. E Odisseia. E Humor. Quebremos, pois, esta rotina do humor, da odisseia, do humor, mais humor, mais odisseia, odisseia, odisseia, humor, humor, odisseia (que também não é um vírus propriamente grave...).

Não sei se vos é cansativo que eu faça deste roteiro por filmes que são importantes para mim, uma espécie de viagem na memória: mas é mesmo deste modo que gosto de, mais que falar dos filmes, recordar os momentos em que pela primeira os vi.

Neste caso, éramos três rapazes desocupados. Apeteceu-nos ir ao cinema. Seguimos a sugestão de um deles, que estava com vontade de ver uma vez mais um certo filme, numa daquelas salas de espectáculos que, entretanto, se tornaram em igrejas de seitas ricas. Agora, reparem: uma vez mais significava, exactamente, pela sétima vez consecutiva. Sim, e tal, retorquimos nós, eu e o outro, com alguma perplexidade soando na voz, se já viste o filme seis vezes e queres ver uma sétima, e tal, deve ser muito bom. Vamos a isso!

Penso que, em português, o filme se chamava A Colina dos Malditos. No original, tratava-se simplesmente de The Hill, de Sidney Lumet, com um Sean Connery que, à época, estava ainda demasiado colado à imagem de James Bond (o melhor dos James Bond, na minha opinião, ou antes: o único, na verdade...) mas que representava, aqui, um papel que nos surpreendeu pelo desvio que praticamente inaugurava em relação aos seus habituais filmes de aventuras.

Num preto e branco austero, surpreendente também, o filme revela-nos Connery como um dos soldados tomados de ponta por um oficial brutal e prepotente, num tipo de vivência militar muito ao género daquilo que Kubrick tentou reconstituir em Nascido para Matar, que o Johnny Darko me emprestou recentemente e gostei imenso de rever.

Se eu veria o filme sete vezes seguidas? Não creio. Mas não me importava de o redescobrir passados estes anos...

What's Up, Doc?

Humor. Odisseia no Espaço. Humor. Odisseia no Espaço. Humor. Odisseia no Espaço. Humor. Odisseia no Espaço. Humor. Odisseia no Espaço. Humor. Odisseia no Espaço. Humor. Odisseia no Espaço. Humor. Odisseia no Espaço. Humor. Odisseia no Espaço. Humor. Odisseia no Espaço. Humor. Odisseia no Espaço. Humor. Odisseia no Espaço. Humor. Odisseia no Espaço. Humor. Odisseia no Espaço. Humor. Odisseia no Espaço. Humor. Odisseia no Espaço.
É à volta disto que a conversação do nosso blogg tem girado. Pois muito bem, não sou eu que vou ser diferente. Como tal, coloco aqui um vídeo com algumas cenas do What's Up, Doc?, o quarto filme de Peter Bogdanovich. Para quem não conhece este realizador (posto de parte pelo sistema de Hollywood), posso apenas dizer que é um génio do cinema. Não só realizou algumas verdadeiras obras-primas, como o Targets, The Last Picture Show e Texasville, They All Laughed, Mask, Paper Moon, Daisy Miller, e outros, como é também um excelente actor e um dos melhores críticos de cinema dos EUA. Actualmente, está a restaurar um filme inédito do Orson Welles (devido a problemas com os estúdios), no qual ele participou. Este filme (What's Up, Doc?) conta com as interpretações de Barbra Streisand, Ryan O'Neal e Madeline Kahn. É um filme mirabolante que gira à volta da troca de quatro malas idênticas (uma delas com jóias roubadas, outra com rochas musicais, outra com papéis secretos do governo e outra com roupa feminina). É a conhecidíssima cena final da perseguição que deixo aos meus amigos cinéfilos.

What's Up, Doc?

domingo, 24 de maio de 2009

PINK PANTHER

Começou por ser esta brincadeira no genérico de um filme de 1964 (com Peter Sellers, de Blake Edwards...)
Quem diria que lhe estava destinada tornar-se a personagem com vida própria que hoje conhecemos?

THE BEST SELLERS

Revejo-o nesse prodigioso meio tanto para os maiores disparates como para os mais impressionantes e comoventes registos da memória colectiva, que é o youtube: aparece numa entrevista, feita nos anos sessenta, a preto e branco; vai fumando um cigarro enquanto responde, porque, nessa década da revolução de todos os costumes, não pareceria falta de respeito que o entrevistado de um programa televisivo se relaxasse, durante o programa, recorrendo ao tabaco. (Lembremos que o tabaco era, até, a mais inocente das substâncias que estavam na moda...). Na verdade, percebemos que o indivíduo se esconde atrás do fumo do seu cigarro, numa rígida timidez própria de um cidadão da Grã-Bretanha.
Noutro vídeo, vejo-o em conversa com os Beatles, estes com a arrogância típica de vedetas que principiavam a impor-se, ele com a mesma postura inibida a que nos habituou nas suas aparições sociais, fazendo humor como se pedisse desculpa ou rindo com gargalhadas pouco espontâneas.

Olhando para este homem discreto e tímido, não posso deixar de me perguntar que misteriosa força se apoderava dele no momento em que, como actor, vestia as mais variadas personagens e, sobretudo, conseguia assumir plenamente aquelas que tinham características mais distantes das suas próprias características psicológicas e até físicas...

É evidente que o recordo como inspector francês trapalhão (Clouseau), na série de filmes em torno do roubo de um diamante chamado Pantera Cor-de-rosa, série que, se mais não tivesse feito, mereceria um lugar na História do Cinema por ter criado, para o genérico, aqueles sketches de animação com um felino realmente cor-de-rosa, que depressa se autonomizaria como personagem própria em filmes próprios.

Mas recordo-o, principalmente, no papel de um jovem actor indiano que, tendo praticamente arruinado uma filmagem e acabado despedido, se vê confrontado com um inesperado convite para uma festa (que arruinará igualmente...), numa sucessão de gags hilariantes que são, também, um tratado de psicologia acerca do que sofre alguém à margem da norma, que só quer integrar-se e ser aceite num grupo.

Inspector francês? Actor indiano? E, então, como detective chinês num filme em que contracena com Truman Capote himself? Ou como cientista germânico, com uma série de inocultáveis tiques nazis? Ou mesmo como agente da Gestapo, óculos & bigode, chapéu de feltro & gabardina? A facilidade com que vestia características, numa polivalência de vozes, sotaques e gestos, femininos ou masculinos, fizeram dele um actor de uma plasticidade espantosa, de uma capacidade de metamorfose que assombra...

E se o seu registo na comédia é incontornável, não esqueçamos os papéis que desempenha no limite do dramático, como quando faz o enigmático, perverso e neurótico Quilt, movendo uma obsessiva perseguição a Humbert Humbert (James Mason), em Lolita, de Kubrick.

Foi tal plasticidade, aliás, que levou a que alguns realizadores tivessem descoberto a possibilidade de o fazerem ser diferentes - e muito diferentes - personagens num mesmo filme: há, e diversos, em que Peter Sellers salta de papel em papel, quase irreconhecível na composição de certos caracteres. Por exemplo, em - do mesmo Kubrick - Dr. Strangelove.

Por isso, camaradas cinéfilos, quando virem sendo entrevistado um gentleman britânico pouco expansivo (se excluirmos, é claro, o pormenor do cigarro), não se deixem enganar. Talvez fosse também uma personagem cómoda e pouco trabalhosa para um genial Peter Sellers...

Colocar Vídeos

Já que há tantas dúvidas em colocar vídeos do Youtube, tomei a liberdade de criar este post para explicar a todos como incluir os vídeos nos posts. Eu próprio não sabia, foi o professor Francisco que me ensinou. Para verem as imagens em tamanho maior e conseguirem ver o que eu escrevi, basta clicarem nelas. Boas postagens :)

Em primeiro lugar:




Em segundo lugar:







Encontrar um significado?

Enquanto estava hoje de manhã a visitar o blogg, deparei com um "post" de 10 dias atrás que me chamou à atenção e me leva invariavelmente, outra vez, a comentar sobre a sessão desta quarta feira. Sobretudo porque apesar de ser a minha opinião de que existe de facto uma interpretação possivel e um significado a retirar daquelas duas horas e quarenta de filme, um dos temas que surgiu (e que eu acho bastante interessante) depois do filme passar, foi até que ponto todo esse aspecto não seria superficial num filme que parece valer pela beleza estética dos planos, montagem, musica, etc. Nesse dito post que eu li, afixado no 13 de Maio pelo André Vieira, é recordado todo um conjunto de obras desse estudio clássico que é a Disney. Filmes que atraem tanto crianças como adultos e para os quais a idade não é obstaculo (essa idade na qual deixarás de te interessar pela Disney poderá estar mais longe do que pensas André, eu próprio, quase com trinta anos, ainda não os exclui do meu videoclube pessoal). O que me chamou particularmente a atenção foi a referência ao filme Fantasia, que não vejo há já 22 anos (!!) quando tive o privilégio de ver em reposição num cinema na minha cidade. Se bem me lembro (corrijam-me se estou errado) o filme é construido todo ele como uma enorme coreografia visual ao som das mais variadas obras de musica clássica, tal como o André refere, dividido em diferentes capitulos cuja história acaba por parecer superficial quando perante esta montagem pouco convencional.
Não consigo deixar de estabelecer comparações com o "2001:Odisseia no espaço", na forma como o filme é apresentado; se de facto existiria algum objéctivo por parte do realizador (ou do Walt Disney) em focar um aspecto ou tema individual, ou se passou essencialmente por construir uma obra que sobrecarrega-se os sentidos do espectador que não consegue desviar a sua atenção. Nenhum de nós passa indiferente a cenas individuais e inesqueciveis no filme (a parte do rato Mickey na sua batalha inglória com um exercito de vassouras nunca me saiu da cabeça nestes anos todos). 


Estou bastante interessado e motivado em rever este clássico, mas a verdade é que eu e a minha irmã temos tido alguma dificuldade em encontrar à venda.
PS: Já agora, eu gostaria de ter incluido um excerto do Youtube, onde existem bastantes exemplos, mas ainda não descobri bem como se faz.

sábado, 23 de maio de 2009

Agora com mais tempo...

Agora finalmente com mais tempo apetece-me rebater várias das opiniões formuladas pelo meu amigo Eça no seu texto (prefiro este termo a post) intitulado “Pequeno Post sobre Uma (demasiado) Grande Odisseia” publicado em 21 Maio.

Utilizando a conhecida e bonita frase “A Arte é a Ciência das emoções” o Eça extrapola para esta maravilha: “O Cinema é uma ciência” e claro, não contente com isso, quem é o cientista que nos vai explicar tudo? O Eça, claro. E vai fazê-lo de maneira a “justificar cientificamente”. Quando se justifica algo cientificamente, na física e na matemática por exemplo, existe a possibilidade de poder ser contestada esta evidência? Evidentemente que não, pelo menos nos séculos mais próximos… Portanto está encontrada a verdade científica: a opinião do Eça. Ora, fazer crítica de arte (ou de cinema) não é a mesma coisa que resolver e demonstrar um interessante problema matemático. E daí o titulo do nosso blogue: “Gostos Discutem-se”

“E não me venham com a lengalenga já pisada e repisada do: "Gostos discutem-se!" diz o Eça. Precisamente o contrário. A lengalenga que eu conheço (e que combato) mais é: “Gostos não se discutem”. Mas o Eça continua: “não podemos usar essa frase (“Gostos Discutem-se”) como justificativo para não reflectirmos sobre os nossos dogmas pessoais. Se assim fosse, de que serviriam os críticos de cinema e de arte em geral?” Então os gostos têm que se discutir, digo eu. Sem terem que ser impostos, claro.

Depois continua com Essa frase, que simboliza a individualidade democrática do nosso século, pode ser também muito perigosa. Se fulano X se dirigir ao pé da Escola de Atenas, de Rafael, ou à Madona dos Rochedos, de DaVinci, e disser: "Isto não vale nada!", então a nossa democracia corre o risco de se tornar o regime da ignorância e da anulação do pensamento e do intelecto.” Claro que sim, digo eu. Quando se fala em discutir os gostos não se trata de questionar a grandiosidade, por exemplo, de um quadro como “A Guernica” de Picasso, mas de o discutir, investigar, para o compreender melhor. E já agora, que estamos em matéria de enaltecer as grandes obras consideradas como clássicas, então por quê questionar o valor de “2001: Odisseia no Espaço” como faz o Eça, considerado quase de uma forma unânime como um marco na história do cinema? Um pouco incoerente…

Depois segue-se um enunciado de explicações por itens: do 1 ao 9 (estranhei não ter sido utilizada a já conhecida notação decimal uma das mais utilizadas do ponto de vista científico…)

Destaco por exemplo a 3.ª: “Caracterização - Fraca. Os macacos parecem homens numa gabardine. E é preciso lembrar que nesse mesmo ano surgia o filme Planet of the Apes, espectacularmente bem feito, e com um orçamento muito, muito, muito menor.”
Para ilustrar esta comparação convido-vos a ver um pedaço de Planet of the Apes





Então estas gabardinas tinham um estilo mais apresentável?
Eu fui daqueles que achei não fazer sentido criticar as eventuais falhas das lutas que se desenrolavam na “Dama da Shangai” porque não me pareceram tão más para a época e porque isso não era o aspecto essencial do filme. Então e agora, os homínideos (como muito bem referiu o José) são o mais importante? Eu achei das cenas mais belas do filme principalmente quando se dá a tomada de consciência de um do grupo da possibilidade de utilização de um osso como arma de sobrevivência e de ataque.
E já que falamos de montagem o que dizer da cena em que se faz a passagem no ar do osso para uma nave espacial? Quando vi o filme pela 1ª vez foi das cenas que mais retive e ainda agora acho de uma beleza plástica bastante inovadora. Nesse movimento e nessa passagem para a cena do “bailado espacial” está condensada toda a evolução humana para algo muito sofisticado a partir de um “simples” digamos, instrumento de trabalho manuseado por um dos nossos antepassados. E não esqueçamos o tema musical utilizado – Assim Falava Zarathustra, de Richard Strauss – e o impacto que cria no espectador. Tudo cenas vulgares para a época? E mesmo actualmente?






Já agora - e isto sim é que era discutir o filme – a presença do monólito e o facto de aquele grupo ter tocado, investigado, observado, não terá contribuído para aquela evolução decisiva? Então talvez o monólito possa ter mais um sentido metafórico relacionado com as várias fases da evolução humana?
Era este o tipo de discussão interessante que apesar de tudo não conseguimos fazer duma forma totalmente satisfatória durante o debate da nossa sessão do clube. E aqui aparecem as vantagens do blogue.
Para finalizar que a noite já vai longa, como se pode comparar o orçamento d”O Mundo a Seus Pés” realizado em 1941 (ainda em plena 2ª guerra) com este filme de 1968? Realizado pois (utilizando um processo científico ainda muito eficaz: uma conta de subtrair) 27 anos depois.
Mais um “Golpe Baixo”?

sexta-feira, 22 de maio de 2009

O QUE ENTENDO POR DISCUTIR GOSTOS?

Poder-se-ia, com toda a seriedade, contrapor a alguns dos elementos constantes de uma demonstração da fragilidade de 2001: Odisseia no Espaço, num anterior post de Eça, estes outros elementos de sinal contrário: o «olho vermelho» de Hall, na sua frieza e fixidez de componente de uma super-máquina, que vigia e controla sem qualquer expressividade, longe de ser uma perda de tempo na economia dramática do filme, funcionaria como um factor de distanciamento, com uma intensidade hipnótica e perturbadora; a tão referida cena dos macacos (que, em boa verdade, não são macacos, mas hominídeos) é notável, não em comparação com cenas similares de outros filmes, mas na reconstituição dos medos e da agressividade em que a sua vida é vivida: o olhar já, de alguma forma, humano de um deles, no escuro da gruta, atento aos sons da noite, que o ameaçam e apavoram, numa evocação da expressividade dramática de algum cinema mudo, parece-me particularmente feliz; e por que haveria de ser, a ausência de diálogos, um empobrecimento do filme se, precisamente, se trata de os substituir por um ambiente em que a lentidão dos gestos e o silêncio ganham um papel central? O próprio intervalo entre as cenas, sincopando o filme, não deixando que este seja tomado como um fluir de imagens, para que, pelo contrário, se exponha como um movimento onde a ruptura e o sobressalto têm uma função quase simbólica, não poderia ser uma opção estética perfeitamente compreensível para este filme? Por outro lado, já defendi que, em 2001: Odisseia no Espaço, o argumento se torna irrelevante. Mas não é verdade que até este contém pontos de uma força quase magnética - por exemplo, em torno das cenas que conduzem a luta, que tanto assombrou os espíritos da geração de 60, entre a inteligência humana e uma poderosíssima inteligência artificial?

Retomo estes exemplos para ilustrar a minha posição:
Quando afirmo que os gostos se discutem é, precisamente, no sentido, muito caro a este clube, de que não há uma fundamentação última e definitiva do que «vale» um filme: seres inteligentes fazem interpretações diferentes e gostam diferentemente das obras com que se confrontam.
Em última análise, até penso que nem sempre os gostos podem ser traduzidos em razões: o coração tem, como sabemos, as suas razões próprias; assim, a argumentação só se torna importante porque, afinal, queremos que o outro compreenda o que nos entusiasma ou afecta num certo objecto. É principalmente por isso que importa tentar encontrar as razões e os argumentos mais convincentes - mas, quanto a mim, sem esquecer que nem sempre a passagem se faz facilmente entre estes dois planos: o do gosto, que é, no fundo, subjectivo e silencioso, e o das razões intelectuais que o justificariam...

Também já disse que, na minha perspectiva, os gostos se discutem até certo ponto. Em primeiro lugar, pelo que acabei de escrever no parágrafo anterior: há um limiar de inexplicabilidade no modo como algo toca à sensibilidade de cada um. Em segundo lugar, porque se o que afirmamos, quando dizemos que os gostos se discutem, é que tudo é mera opinião e, nessa medida, todas as opiniões valem e se equivalem, teremos de admitir a total relatividade de que não há senão a diferença de gostos para decidir se Bach é melhor do que o Quim Barreiros.
E, porque, para mim, isso não é discutível - mesmo que haja quem goste de Quim Barreiros e deteste Bach -, em tudo se torna importante o estudo, o conhecimento e o rigor...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Obituário

Morreu hoje o senhor João Bénard da Costa, o último presidente da Cinemateca Portuguesa, com a idade de 74 anos, vítima de cancro. Um dos seus filmes favoritos, Johnny Guitar (Nicholas Ray), vai ser passado na Cinemateca amanhã, pelas nove e meia, como forma de homenagem. A entrada é gratuita, mas o filme, sinceramente, não é grande coisa. Em relação a ele, com todas as suas qualidades e defeitos, não deixou de ser uma grande figura do nosso tempo (sem dúvida, se o compararmos aos heróis de hoje em dia - Cristiano Ronaldo, Lili Caneças, Merche Romero). Estudou o cinema como poucos o fizeram em Portugal e conheceu as figuras mais ilustres desse mundo fabuloso, de actores a realizadores, argumentistas a fotógrafos. Pessoas que nós só conhecemos de nome (embora eu tenha visto a Claudia Cardinale e outros em homenagens da Cinemateca). Resumindo, era um crítico bastante bom e escreveu textos muito interessantes. No entanto, era péssimo actor e arruína (ou antes, ajuda a arruinar) os últimos filmes do Manoel de Oliveira. Não se percebia nada do que ele dizia e, por cada palavra, saíam vinte gatafunhos. E, não nos esqueçamos, levou a Cinemateca a um período de decadência. Agora que partiu, novas luzes surgem no horizonte e, espero eu, pode ser que um líder mais capaz tome conta dessa grande instituição. Mas, apesar de tudo isso, era uma figura alegre e bem-disposta e com a qual não posso deixar de simpatizar um pouco.
Como o "INFERNO É PARA OS HERÓIS", ele deve ter ido para o "CINEMA PARAÍSO".

João Bénard da Costa

Duas mil e uma razões

Ora viva caros cinéfilos. Finalmente consegui participar no blog, não por falta de convites ou oportunidades, mas porque não estou propriamente familiarizado com esta forma de comunicação (fazendo uso de uma referência ao ultimo e polémico filme que passou na sessão de quarta feira, o monólito ainda não foi generoso para mim nesse aspecto).

Venho desta forma participar de forma a partilhar com vocês as razões (atenção que não me estou a justificar!) que me levaram a propor o filme "2001; Odisseia no espaço". De uma forma geral as reacções finais foram as que eu esperava, não porque eu concorde com elas na totalidade (se não eu nunca iria propor este filme como um marco importante na minha vida), mas porque também eu esperimentei essas sensações de incredulidade, desapontamento e não só, quando vi o filme pela primeira vez. Agora, independentemente das razões que me levaram a mudar de opinião, ou da minha interpretação do filme, eu acho que o visionamento deste (e outros filmes) é sempre uma experiência positiva. Porque se de facto SOMOS CINÉFILOS, devemos manter aberta a hipótese de alagar os nossos horizontes e tomar conhecimento dos filmes para poder formar uma opinião honesta sobre eles. Nem que seja para dizer que o filme foi "uma seca" ou uma "tortura". Senão que aborrecidas seriam as nossas conversas, a discutir sempre aquela meia duzia de filmes que já conhecemos e vimos cem vezes. Tanto mais que se pesquisarem as vossas fontes habituais, poderão constatar que o filme faz parte de um conjunto muito vasto de obras que marcaram a sociedade e o passar do tempo, e à qual, de uma forma positiva ou negativa, ninguém ficou indiferente. De todas as formas creio que apesar de quaisquer preconceitos que existissem antes de passar o filme, a sessão foi positiva, sobretudo porque vocês aderiram com a vossa presença (a pesar de alguns comportamentos menos agradaveis durante a projecção do filme). Ainda mais, eu proponho-vos um desafio: daqui a um ano experimentem a ver o filme outra vez (nas vossas casas claro está). Eu gostaria bastante de o voltar a comentar com vocês nessa altura (nem que seja através do blog, pois não tenho a certeza de continuar na escola no ano que vem).

João Camacho

SÓ MAIS UM ASPECTO

Há um aspecto que, pessoalmente, me não parece indiferente, e ainda não vi aqui tratado a propósito do filme.
É que um filme não é só um «filme», entendido como obra fechada, que poderíamos analisar em si, independentemente da sua recepção pelo público de uma certa época, independentemente do que tenha significado para um determinado grupo social, independentemente da marca cultural que haja deixado na sociedade típica do seu tempo. Isto é, da compreensão de um filme faz parte, também, a sua História: a das leituras que suscitou, a das reacções da crítica e do público, em ligação com as preocupações e as Causas, os valores e os ideais do Espírito do Tempo. Passar por cima disso será, eventualmente, ignorar uma das peças do puzzle.

Não é por acaso que o 2001: Odisseia no Espaço é tratado hoje como um filme de culto - depois de ter acabado por ser visto e apreciado pelos «intelectuais» de uma geração. Descontemos o que possa haver, nesse culto, de puro equívoco, como diria o João d'Eça: pessoas que se deixam levar na onda por mero pretensiosismo, antes que haja alguém capaz de lhes dizer «O Rei Vai Nu»; ou aqueles que consideram que, uma vez que são intelectuais, têm por força de gostar do filme, como se o ser lento e dificilmente compreensível fosse, por si só, meio caminho andado para ganhar o carimbo de obra de qualidade; descontemos, também, todos aqueles grupos de jovens que teriam, na época, adorado o filme porque parecia vir ao encontro das suas experiências místicas, entre a adesão à LSD e às religiões orientais, em busca de outras dimensões filosóficas, estéticas ou de vida.

O filme marcou porque, de alguma forma, proporcionou uma experiência visual e sonora que implicava uma espécie de mergulho pouco habitual. Marcou porque, entre mal-entendidos, era, de facto, uma experiência perturbadora.

Deste ponto de vista, se outros não houvesse, trata-se de um filme importante na formação de qualquer cinéfilo que conheça - e queira conhecer - a História do cinema e a repercussão cultural e social dos filmes no tempo e na sociedade. Por outras palavras, mesmo que não tenham gostado, julgo que é importante que o tenham visto...

Pequeno Post Sobre Uma (Demasiado) Grande Odisseia

Vamos analisar o filme, em primeiro lugar. Já se disse aqui muito mal dele, mas falta justificar cientificamente. E o Cinema é uma ciência. A Arte é a Ciência das emoções. E não me venham com a lengalenga já pisada e repisada do: "Gostos discutem-se!" Claro que é verdade! Mas não podemos usar essa frase como justificativo para não reflectirmos sobre os nossos dogmas pessoais. Se assim fosse, de que serviriam os críticos de cinema e de arte em geral? Essa frase, que simboliza a individualidade democrática do nosso século, pode ser também muito perigosa. Se fulano X se dirigir ao pé da Escola de Atenas, de Rafael, ou à Madona dos Rochedos, de DaVinci, e disser: "Isto não vale nada!", então a nossa democracia corre o risco de se tornar o regime da ignorância e da anulação do pensamento e do intelecto. (Ainda no outro dia, uns amigos meus foram a Barcelona e, sob a recomendação de meu pai, visitaram o Museu Miró, considerado um dos melhores museus do mundo. Saíram de lá a dizer que aquilo tinha sido a maior M***A que já tinham visto, perdoe-se-me a expressão vulgar.) Continuando, vamos lá a analisar a Odisseia no Espaço:
1º - Interpretação - Nula. O papel principal é o de um supercomputador (cujo botão vermelho é filmado durante metade do filme). A verdade é que nem consegui fixar bem o rosto dos tripulantes, tão pouco tempo apareciam...
2º - Montagem - Perfeitamente banal.
3º - Caracterização - Fraca. Os macacos parecem homens numa gabardine. E é preciso lembrar que nesse mesmo ano surgia o filme Planet of the Apes, espectacularmente bem feito, e com um orçamento muito, muito, muito menor. Tal como o tubarão de Jaws, aquele episódio só dá vontade é de rir.
4º - Efeitos Especiais - Não estão maus, mas é bastante simples filmar naves no espaço.
5º - Argumento - Terrível... Pretensioso... Ilógico... O monólito só serve para uma deambulação filosófica sobre o conhecimento que não leva a lado nenhum. Embora se tenha dito no clube de cinema que a mensagem era muito profunda, ninguém foi capaz de explicá-la claramente...
6º - Diálogos - Macacos a berrar...
7º - Fotografia - O ponto forte do filme. As cores são belas e o tratamento visual é muito cuidado. Mas não há nenhuma cena que se possa dizer que seja verdadeiramente fantástica.
8º - Direcção Artística e Cenários - A este respeito foi feito um bom trabalho e o design do interior das naves, por exemplo, está muito bem conseguido. Mas, se compararmos com o já referido Planet of the Apes, não é lá muito original.
9º - Realização - Os planos longos e aborrecidos, cheios de suposto conhecimento, servem apenas para propiciar uma boa soneca. Kubrick mostra, mais uma vez, não ter noção do que é economia narrativa (precisava de ver uns filmes do mestre Walsh), aliás, duvido que ele soubesse o que era narrativa (que neste filme, pura e simplesmente, não existe). E o que é certo é que, embora não esquecido, o Franklin Schaffner é muito menos conhecido pelas massas do que o Kubrick!
Chegamos à conclusão de que este é um filme que teve apenas a sorte de ter meia dúzia de cenas bem fotografadas e de ter sido produzido durante quatro anos com mais de dez milhões de dollars (o Citizen Kane foi feito com 600 mil).

UM DRAMA ÉPICO DE AVENTURA E EXPLORAÇÃO (aventura e exploração? estamos a falar do mesmo filme?)

Esta não era uma sessão fácil.

O filme, “2001: Odisseia no Espaço” foi de todos os que passámos no Clube de Cinema o mais longo: 141 minutos. Tem poucos diálogos e vive bastante da boa relação imagem e som. A nossa sala 44, embora acolhedora, não me parecia o espaço ideal para visualizar um filme com estas características. E o som ainda, desta vez, esteve pior do que em sessões anteriores. Por isso o Anfiteatro teria sido uma melhor opção.
De qualquer forma este filme exige sempre uma disponibilidade pessoal muito mais exigente para o absorver (deduzir, formular) do que outros em sessões anteriores. Sem que isto lhe aumente ou diminua à partida mais ou menos qualidade. Talvez, na minha opinião, “Donnie Darko” – já visto no C. C – seja o filme com um grau de dificuldade semelhante…

Apesar de tudo isto considero que, de uma forma geral, os membros do Clube de Cinema souberam estar à altura da proposta do prof. João Camacho. As saídas das sala antes de o filme terminar já tinham sido previamente assinaladas e o debate focou aspectos muito interessantes relativos ao filme e à crítica em geral de obras de arte. Sim porque o cinema, para além da sua função, por vezes, recreativa também nos pode obrigar a ter que reflectir. Pena foi que talvez hoje não tenha havido uma participação tão variada quanto o número de membros que ficaram até ao final do filme – começámos 16, terminámos 15.


Adorei ver novamente o filme. A 1ª vez foi em 9 Agosto de 1974 no antigo Cinema Monumental com ecrã enorme e projecção em 70mm.

Depois vi-o esporadicamente na tv e numa outra sessão numa escola. Continua a ser, na minha opinião, uma obra polémica e cada vez mais passível de poder encontrar novas pistas de leitura, principalmente nas cenas finais. Mas continua a ser admirável.

Para finalizar queria dar as boas vindas aos novos cinéfilos bloguistas: JC, André e Vasco. Agora “façam o favor de discutir os gostos” (sem golpes baixos…)

quarta-feira, 20 de maio de 2009

2001: Seca no Espaço

Durante esta sessão foi-me perguntado várias vezes se eu gostava, de facto, do filme.  Para ser totalmente sincero, confesso que foi difícil manter-me acordado durante aqueles 140 minutos. Mesmo com umas duas ou três chávenas de café, não é fácil...Porquê? Não é pela qualidade do filme, de maneira nenhuma. Devo dizer que considero 2001: Uma Odisseia no Espaço uma obra-prima ou, como disse a Beatriz e muito bem, uma obra de arte. Talvez seja mais uma obra de arte do que propriamente uma obra-prima. A única razão que (penso eu) provocou uma sensação de tédio e a consequente algazarra na maior parte dos espectadores, foi o facto de Kubrick prolongar demasiado determinadas cenas: por exemplo, Kubrick faz questão de filmar, durante cerca de 10-15 mins, apenas os macacos a guinchar e a saltar. Como se isso não bastasse, o capítulo seguinte é, nada mais nada menos, do que mais 10-15mins a filmar o espaço e a estação espacial, ao som do Danúbio Azul de Johan Strauss. Não digo que isso seja mau. Stanley Kubrick é, decididamente, uma pessoa extremamente calma, que não tem pressa para nada. 
Não concordo com o Eça quando ele diz que apenas uma boa parte estética e/ou plástica não fazem um bom filme. E também não concordo com aqueles que pensam que um filme tem que ter, obrigatoriamente, uma mensagem ou um significado. Todos sabemos que existem filmes que não têm qualquer mensagem moral ou significado e não é por isso que deixam de ser considerados filmes.  
Acho que este é um grande filme que, embora não tenha um grande argumento nem uma história bem definida, consegue sê-lo apenas com as imagens, os efeitos especiais, as passagens, os sons...Sinceramente eu não estava muito interessado na história do filme nem em descobrir alguma mensagem, mas sim em apreciar o magnífico trabalho plástico e estético. É verdade, os sons! Se virmos este e outros filmes de Stanley Kubrick apercebemo-nos de que ele é, com certeza, um indivíduo que gosta e aprecia bastante música clássica. Acho que é uma ideia extremamente original conjugar este tipo de música com um filme como 2001: Odisseia no Espaço ou Laranja Mecânica.
Concluíndo: Existem filmes com magníficos argumentos, outros com grandes representações, outros com grandes efeitos especiais. Este é um filme que joga essencilamente com a imagem. Enfim, ainda bem que existe variedade, não é? Afinal de contas, o cinema é uma arte e existem muitas formas de "fazer" arte. 

2001:Odisseia no Espaço

Não sei bem o que vi hoje durante 141 minutos (mais dificuldades técnicas) na sala 44. "Uma obra de arte", disseram uns, "experiência estética" disseram outros.
Discordo completamente.
Como acredito naquele velho ditado que diz que "as verdades vêm sempre da boca das crianças", usarei as palavras do nosso cinéfilo mais novo, o Afonso: "Este filme foi uma ganda seca."
Sim, o departamento da fotografia do filme fez um excelente trabalho, os efeitos especiais estão fantásticos para a altura mas o filme, como disse o Eça é uma tortura e não é por ter uns quantos elementos interessantes que o filme se torna menos penoso de ver.
Perdoem-me se eu estiver a ser mau cinéfilo mas 2 horas e 20 minutos é muito tempo para ver macacos, interiores de naves espaciais e olhos coloridos.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Outra Homenagem

Eu tenho quinze anos. Portanto, não sou do tempo dos cinemas gigantes nem do já aqui homenageado Quarteto. Mas posso afirmar que tive a minha quota de cinema. E a homenagem, enfim... é mais falar-vos de, e não homenagear (as poucas linhas que aqui escrevo nem a prisão de sing-sing homenageavam), que quero aqui prestar é à Cinemateca Portuguesa, Museu do Cinema. É certo que este outrora estabelecimento em voga, entrou muito em decadência. É certo também que a culpa foi do senhor João Bénard da Costa e, em última análise, do Estado, que o manteve em funções muito mais tempo do que devia. E a Cinemateca falhou muito em atrair novas audiências. Assim, sempre que vou a uma sessão, lá estão as mesmas velhas caras de sempre. O anãozinho, a senhora das pernas tortas, o homem que parece o Saramago, o nosso querido José Augusto França, o homem que grita durante os filmes, o feioso, entre tantos, tantos outros. E, de vez em quando, um grupo de miúdos da faculdade de cinema. E é certo que as cópias, muitas vezes, deixam muito a desejar. Lembro-me de ter visto filmes em cópias miseráveis, em que havia até saltos nas bobines.
Mas chega de coisas más. Para mim, a Cinemateca será sempre o meu altar sagrado, o local onde eu descobri o cinema. E recordo-me, como se fosse ontem, da primeira vez que entrei naquele corredor comprido, repleto de pessoas com ar chique (na altura, 1998, ainda lá iam pessoas chiques), com as paredes repletas de Gary Coopers e Marlene Dietriches, e Charlton Hestons e Audrey Hepburns, e de quando entrei naquela sala enorme e me sentei em frente ao ecrã onde começavam a projectar La Belle et la Bête (A Bela e o Monstro) de Jean Cocteau. Aquele filme maravilhoso a preto e branco, com as figuras flutuando e os braços surrealistas saindo da parede... E o monstruoso Jean Marais e a maravilhosa Josette Day... Fiquei deslumbrado. Era a primeira vez que via algo de tão único no cinema, algo de absolutamente excepcional. Descobria um cinema diferente dos filmes de animação a que estava habituado e dos filmes comerciais da altura. E com os meus quatro anos, soube que o cinema era para mim um deus. Aquele foi, no fundo, o meu baptismo.

A BELA E O MONSTRO (1946), Cocteau



Desde esse dia, tenho tido memórias boas e menos boas da Cinemateca, mas nunca más o suficiente para dela me afastarem. Ainda tenho presente o dia em que a Claudia Cardinale foi homenageada e passaram o Vaghe stelle dell'Orsa. E aquela simplesmente bela mulher ficou sentada atrás de mim. E, no final, o devido autógrafo...
E foi na Cinemateca que o meu gosto pelo cinema se dilatou e que o conhecimento também. Ali vi filmes dos primórdios do cinema e filmes do meu tempo, como o Le Voyage dans la Lune (1902), de Méliès, ou o Dead Man (1995), de Jim Jarmusch. Ali conheci o western esparguete, as comédias de Lubitsch, o terror de Carpenter, o cinema soviético, a vanguarda francesa, os épicos dos anos cinquenta, os musicais de Minnelli, os dramas de Kazan, as obras-primas de Welles, o expressionismo alemão, o mestre Cassavetes, o cinema de Fassbinder, enfim... é impossível explicar o que eu absorvi das minhas idas à Cinemateca, guiado sempre pelo conhecimento de meu pai ou de minha mãe.

UM AMERICANO EM PARIS (1951), Minnelli




E fica o imenso que aprendi... mas também a memória desses sábados loucos em que ia a três sessões por dia, correndo à procura de restaurante na avenida da liberdade, sempre que acabava um filme... e antes de começar o seguinte.
Esta é a minha pequena homenagem ao nosso pequeno museu do cinema. Resta-me esperar que voltemos lá com o clube de cinema e que, possivelmente, o meu fascínio por esta casa se transmita a outros membros.

CINEMATECA

segunda-feira, 18 de maio de 2009

A MINHA HOMENAGEM AO QUARTETO

Na altura, os cinemas que havia em Lisboa correspondiam ao conceito de grande sala de espectáculos, com uma plateia extensa, balcão, camarotes, e um senhor de uniforme que nos conduzia pelos corredores atapetados até aos respectivos lugares. Sim, meus amigos, sou tão velho quanto isso!

O Quarteto, de que já aqui falei, inaugurava um novo estilo: quatro salas, como o nome indica, obviamente pequenas, mas que permitiam uma multiplicação de filmes variadíssimos pelo espaço e pelo tempo.

Mais importante, o Quarteto podia dar-se ao luxo de introduzir um cinema alternativo: como havia sempre, em alguma das salas, um filme comercial, que assegurava público, tornava-se possível, por outro lado, dar espaço a um Godard, a um Tarkovsky, a um Fellini...

Talvez que, sem que o pudéssemos prever, o Quarteto fosse, em Portugal, o início do espartilhamento do cinema, «à americana», em dezenas de minúsculas salas concentrados no terraço de algum centro comercial, com bilheteiras-bar que, para economizar, tanto vendem bilhetes como as horrendas pipocas ou os ruidosos refrigerantes...
Mas, vá lá, tentem imaginar o bem que aquilo proporcionava a um jovem universitário como eu: estudava, à época, na Universidade de Lisboa, muito próxima dali: todo o tempo que me sobrava, e era bastante, podia ser dedicado a um proveitoso passeio entre as quatro salas.

Se não conseguia ir a uma certa hora, ia a uma outra; nenhum horário me constragia demasiado rigidamente; aproveitava o tempo - e o dinheiro - do almoço para mergulhar antes num filme. Havia sempre algo para descobrir, qualquer que fosse a companhia ou o estado de espírito.

Johnny Darko papou, no outro dia, dois filmes? Eis, talvez, a observação que me trouxe o desejo de homenagear aqui o velho Quarteto: isso de ver dois, às vezes três ou quatro filmes seguidos numa tarde era o que eu fazia sempre, numa mudança vertiginosa de sala, de realizador, de registo...

Ali combinávamos encontros, entre porcarias imediatamente esquecíveis ou obras-primas que me marcaram para sempre. Ali tínhamos debates profundamente aguerridos, entre ciclos, festivais, apresentações que nunca faltavam.

Recordar o Quarteto é, no fundo, recordar o que foi, durante esse tempo, mais minha casa do que a minha própria casa.

domingo, 17 de maio de 2009

Angels & Trekkies

Ontem fui ver dois filmes: o Angels & Demons e o Star Trek.
Anjos & Demónios é um filme do mesmo género do Código Da Vinci, seguir pistas, grandes mistérios etc. Na minha opinião é mais violento, pois tem mais mortes. É também melhor que o primeiro filme, mas mesmo assim continua a ser um filme "nhef nhef"!! Gostei muito da participação do Stellan Skarsgård (O Bom Rebelde) como Commander Richter, e também da interpretação do Ewan McGregor (Trainspotting) como Camerlengo Patrick McKenna. Não se arrependerão se o forem ver, mas não deixa de ser mais um Código Da Vinci!
Agora, Star Trek, é um filme fantástico, para mim, que foi a primeira experiência neste espantoso universo, achei fascinante! O J.J. Abrams conseguiu realizar uma obra que ficará para sempre… O filme conta a história do Captain James T. Kirk, como ele decidiu entrar para a Starfleet Academy, como se tornou amigo de Spock etc. Estive a investigar e as personagens da série original e as deste filme estão parecidíssimas, tiveram de escolher os actores a olho! Para quem for ver o filme, digo já que quando o Pavel Chekov (o russo) teletransporta o T. Kirk e o Hikaru Sulu, e diz: VI MAYO! Isso Significa: Vocês são meus! Contem também com a presença do antigo Mr Spock! Recomendo! 5 Estrelas! Live long and prosper!!!

Só para a Angel Darko: Epah!! "Tá" "muita" diferente!!

"Malcolm X" de Spike Lee

Comprei este filme há já um mês ou mais a 5 euros no Media Markt(não quero fazer publicidade à loja mas realmente tem filmes muito baratos) e deixei-o na minha estante...até ontem. O filme é acerca do grande Malcolm X, afro-americano que, juntamente com o Martin Luther King, foi uma figura prominente na luta pelos direitos civis para todas as etnias e não só para a maioria caucasiana. Retrata a vida toda dele, desde a sua adolescência conturbada dominada pelo crime e pelos vícios(chegou mesmo a servir tempo na prisão onde descobriu o Islão), atravessando o periodo em que fez parte da Nação Muçulmana até à sua morte violenta na década de 60. Malcolm X é interpretado por Denzel Washington cujo desempenho valeu-lhe uma nomeação para o Oscar de Melhor Actor, nomeação para o Globo de Ouro de Melhor Actor e um Urso de Prata no Festival de Berlim para Melhor Actor. A director é Spike Lee, que apesar de um orçamento pequeno (o filme teve muitas vezes à beira de não ser feito devido a falta de orçamento- sobreviveu apenas a doações de Afro-Americanos muito conhecidos como Oprah Winfrey, Micheal Jordan, Prince e Magic Johnson) conseguiu retratar as décadas de 40, 50 e 60 com bastante autenticidade. O resultado final é um filme muito bom.
Acho que o filme conseguiu retratar o percurso ideológico e religioso de Malcolm X de uma forma exemplar. O que terá ajudado à fieldade histórica do filme é o facto que o argumento foi adaptado da Autobiografia do próprio Malcolm X-no final do filme fiquei a saber muito mais acerca da vida dele e como ele era enquanto pessoa e não só como demagogo. O filme tem 3 horas mas não se pode considerar demasiado longo pois só assim é que se pode contar a vida de uma pessoa que teve tanto impacto na luta por direitos civis para os negros por todo o mundo. No final do filme, Nelson Mandela cita um famoso discurso de Malcolm X e várias crianças africanas dizem "I am Malcolm X". Realmento, o legado de Malcolm X é um que todos os Africanos deveriam conhecer e honrar.
Como aparte: muitas vezes, Martin Luther King rouba o estrelato a Malcolm X e com este filme percebe-se perfeitamente porquê: não só Martin Luther King era cristão, como durante toda a sua vida defendeu a união entre negros e brancos enquanto que Malcolm X, pregou a divisão total entre as duas etnias até à sua viagem a Mecca. Enfim, deve ser a hipocrisia americana...
Concluindo, este é um filme que, pela sua qualidade, a sua fieldade histórica e já agora o seu preço, devem comprar.