quinta-feira, 28 de junho de 2012

Adeus, raparigas

Voltei a ver, há pouco tempo, o filme Beleza Americana (1999, Sam Mendes). O bom de rever filmes é que se descobrem novas perspetivas que são importantes mas fogem da história principal. Sim, o filme aborda os problemas de meia-idade de Lester Burnham (Kevin Spacey). Mas também fala de uma esposa em crise (Annette Bening) e revi a cena formidável em que ela, desesperada por ver que a “vida perfeita” que construiu está ser destruída pelo marido, ouve no carro, o apropriado “Don’t rain on my parade” (Barbra Streisand).

Dirigi agora a atenção para o bom desempenho das duas raparigas: a filha, Jane (Thora Birch) e a amiga, atrevida, Ângela (Mena Suvari). Thora, então com 17 anos, cria uma adolescente credível: reservada e crítica, e não pateta como, por vezes, são apresentadas as adolescentes no cinema. Fá-lo muito melhor do que Juliette Lewis (de 18 anos na altura), com a adolescente histriónica do Cabo do Medo (Scorcese,1991), trabalho pelo qual recebeu o óscar de melhor atriz secundária.

É claro que apenas vemos o resultado final. Não sabemos do argumento, da direção de atores, das indicações do realizador. Mas o que vemos faz sentido.

Estas adolescentes mais “sossegadas” associam-se frequentemente a raparigas mais extrovertidas, aparentemente mais seguras e experientes que fazem (ou dizem fazer) coisas que as amigas não têm coragem. Mas precisam da âncora e do contraponto uma da outra, pois não sabem lidar com a atenção que provocam. A atenção para elas significa serem aceites como crescidas mas como se adivinha o que não se sabe? Que fazer com o medo paralisante de parecer ridícula? As amigas protegem os seus “defeitos”. O desenho destas meninas está muito bem feito. Encontramo-las com frequência na escola. De todas as idades.



Para todos mas especialmente para elas… Boas Férias.

3 comentários:

  1. Para além de o texto aparecer assim, diferente,esquisitoide, também não consegui juntar o vídeo. Aposto que há uma razão óbvia, lógica e fácil de compreender.

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  2. Acho que texto não está nada esquisitoide: até gostei bastante.

    Deve ter havido uma razão óbvia, lógica e fácil de compreender que operou a mudança: talves um anjo...

    Espero que ele tenha decidido bem na escolha do vídeo.

    Quanto ao facto de elas existirem também na escola eu diria o seguinte:

    "No creo en brujas, pero que las hay, las hay”

    Muito adaptado ao momento devido ao agravamento da depressão nacional provocada por "nuestros hermanos"...

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  3. Deixa-me dizer-te, ó anjo, que o texto tinha riscas brancas e as letras a negro, exceto o nome "Barbra Streisand"!!. Quanto ao segundo ponto da ordem de trabalhos (ai,que não é nada disto).Quanto ao vídeo, escolheste bem mas eu tinha pensado juntar o "Love is a rose" do Neil Young (manias). Por fim digo, afirmo, que as piadas futebolísticas costumam passar-me ao lado mas esta até percebi: a cidade estava linda assim posta em sossego. Hasta la vista!

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