terça-feira, 14 de abril de 2009

ESTAMOS

A Eslav, este ano, foi palco da formação de um clube cinéfilo: veio ao mundo quase despercebidamente; não se queria - ou não se esperava - muito mais do que uma reunião de amantes do cinema que pudessem ver os filmes de que gostavam e conversar largamente acerca deles.

E, de princípio, esses kinephilos eram poucos, poucos, poucos, insuficientes para encher mais do que as primeiras cadeiras do anfiteatro. Durante várias sessões, não se ultrapassou o número de dedos de uma mão, como diria o Almirante Américo Tomáz. Fez diferença? Não fez! Esses cinco começaram por se juntar, num dia auspicioso, para ver o Bom Rebelde, primeiro filme de um ciclo sobre a diferença.

E, por falar em diferença: a «diferença», a transformação, o clic ocorreu quando se pensou que poderiam ser os próprios alunos a sugerir os filmes seguintes.
O João propôs um filme que o marcara profundamente: Donnie Darko;


o André trouxe-nos o maravilhoso Os Coristas; o André seguinte mostrou-nos A 9ª Porta: estava, ao mesmo tempo, dado o mote para o ciclo seguinte: um ciclo Johnny Depp!

Se bem se lembram - e há fotografias que o atestam -, o filme que veio depois já tinha conseguido alargar substancialmente o número de espectadores. Já então, como diria o Almirante Tomáz, seriam precisos todos os dedos do corpo humano para os enumerar...

E assim foi sendo: uns chegavam de novo ao grupo, outros interrompiam a participação, houve, sem dúvida, pessoas que vieram para assistir pontualmente a um filme que lhes interessara. Mas formara-se um público regular de professores e alunos capazes de conviver numa eufórica anarquia; ainda hoje é isto que me parece ser o sistema vigente: cruzam-se diferentes experiências e saberes, discutem-se gostos, sobretudo discutem-se entusiasticamente os gostos.

O clube de cinema - que tem precisamente por nome Gostos Discutem-se - vem diversificando as actividades: patrocina filmes a ser passados em contexto de aula com este ou aquele professor, lançou, entretanto, um concurso de curtas-metragens que, tanto quanto sei, tem causado furor na escola, trouxe até nós, em conjunto com um grupo de alunas de Área de Projecto, o extraordinário Ângelo Torres para apresentar a sua própria curta (Kunte); promoverá cada vez mais a circulação de filmes entre os membros; tem um canal na net; inicia, hoje, um blogue...

Se quisesse encontrar três palavras para valorizar este projecto, escolheria: paixão, diversidade, continuidade.

E não vale a pena alongar-me. O cinema também ensina o poder da contenção.

Até breve!

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