Também com pouco tempo para me dedicar à escrita, mas, ao mesmo tempo, ainda sob o impacto de
Sacanas sem Lei, a que Johnny Darko se referiu no texto anterior, aproveito para deixar alguns tópicos: somente três ou quatro aspectos merecedores de atenção, num filme que me impressionou como há muito nenhum me impressionava:
a) O genial desrespeito pelos factos históricos, espécie de delírio sobre os acontecimentos que permite tratar a História como um território livre para todos os usos e criações, para as mais loucas e ousadas invenções. (E mais não digo, para não estragar a surpresa a quem não tenha visto o filme).
b) A selecção de um elenco de luxo, com actores dos mais diversos países, falando, alguns, em alemão (como deveria ser, por força, num filme sobre nazis), francês (porque se passa maioritariamente na França ocupada) ou inglês (porque, claro, os aliados não andam longe): já para não falar daqueles que mudam, sempre que necessário, de língua, com o à-vontade e a elegância de pessoas com uma cultura acima da média.
c) Cristoph Waltz, de que vos deixo a fotografia. Faltam-me adjectivos para caracterizar o seu trabalho: nunca vi uma composição tão perfeita, que chega a gelar-nos, de um homem sem escrúpulos, simultaneamente cómico, mas de um humor sinistro, com uma inteligência aguda, sempre um passo à frente dos demais na compreensão dos acontecimentos, quase amável e suave no trato, para melhor capturar a sua presa. Waltz? Por mim, nem perdia mais tempo: era já um óscar!
Se fosse assim tão fácil, professor.... Alguns dos maiores actores de sempre foram consecutivamente excluídos do sistema de Hollywood, entre os quais figuras tão importantes como a Rita Hayworth, a Judy Garland, a Marlene Dietrich, o Orson Welles, os QUATRO irmãos Marx, e tantos outros. E às vezes é interessante lembrar que, tendo o Heath Ledger recebido um óscar póstumo (não que não mereça, POR OUTRO LADO), é estranho que o James Dean tenha sido nomeado para dois - 2 - DOIS, óscares póstumos e tenha perdido em ambas as vezes. Quando foi da nomeação do Ledger, toda a gente comentava: "Se ele não ganhar, é uma vergonha..." E o James Dean? Provavelmente o maior actor do método e um ícone astronómico que susbiste ainda hoje! (e já agora, o Montgomery Clift também não recebeu nenhum óscar). Com isto, queria só falar um pouco sobre o aborto que é a Academia norte-americana (ampas)e lembrar que os óscares efectivamente não valem nada, apenas se guiam pelo que consideram ser "prestigioso" e comercialmente bem-sucedido. É provável que o nosso amigo Chris tenha tido a melhor interpretação de 2009 e pelo menos o globo de outro é capaz de ganhar. Nos óscares, tratando-se de um filme no nosso amigo QT, já tem menos probabilidades. Pergunto-me é se ele vencerá o globo de outro por interpretação dramática... ou por cómica?? (é que de facto tem uma personagem hilariante!) E o que surpreende ainda mais é que o espectador vai (porventura?) à espera de um brad pitt (comicamente) selvagem, mas depara-se antes com este tipo desconhecido que rouba o filme aos outros actores todos (não que o brad pitt não vá bem, que vai, e, a meu ver, também já merecia um óscar - no seu papel em Burn After Reading, por exemplo -, já que teve a sorte de entrar em filmes de qualidade e de trabalhar com realizadores como os irmãos coen, o tarantino, o david fincher, o andrew dominik, o alejandro gonzález iñarritú, o steven soderbergh, o ridley scott e... adivinhem lá........ o próximo filme dele vai ser o THE TREE OF LIF, do GRANDE GRANDE GRANDE TERRENCE MALICK!), mas este Chris,este CHRIS é de mais...
ResponderEliminare digo isto, porque acabei de (re) ver o Badlands e fiquei completamente boquiaberto com o filme, como não ficava desde que vi o Iron Cross do peckipah, ou o silêncio do bergman, ou até mesmo o revolutionary road do sam mendes, no ano passado. este era um filme (como qualquer outro do malick - mas este em especial) para passar no clube - talvez depois do meu prometido (não sei se já esquecido pels outros membros) western...
ResponderEliminarsobre o filme em si (refiro-me a IngloUrious BastErds - Sacanas sem Lei, em Portugal, ou Bastardos Inglórios, no Brasil) planeava escrever um post grandinho, mas estava à espera de uma coisa. entretanto, já dois membros se antecederam à minha pessoa, mas penso não haver problema - afinal, não há duas sem três.
ResponderEliminarsabiam que o THE GODFATHER no Brasil se chama O GRANDE CHEFÃO???
ResponderEliminarpeço desculpa, mas no primeiro comentário queria dizer THE TREE OF LIFE, e não THE TREE OF LIF.
ResponderEliminareu acho que depois de um papel destes, e de uma surpresa destas, as pessoas vão ser demasiado exigentes para com o seu trabalho e irão acabar por ficarem desiludidas. é só um pressentimento, mas um papel destes, não se arranja todos os dias. (acho eu)
ResponderEliminaristo é um pouco despropositado, mas alguém sabe quando é que começam as aulas na ESLAV? obrigado
ResponderEliminarÉ tão genial a personagem que uma pessoa nem chega a saber o que é que ela é. Aqueles diálogos lentos e calculados, incriveis.
ResponderEliminarAs aulas, já agora, começam no dia 15.
ResponderEliminarah, obrigado
ResponderEliminarVou faltar aos primeiros dias, ate la cinefilos! :P
ResponderEliminarComo comentei noutro post, ainda não tive oportunidade de ver o filme mais recente do Quentin Tarantino. Mas se de facto a performance do Cristopher Waltz é digna de registo talvez ela beneficiaria no futuro em termos de apreciação se ele não chegasse a ganhar a estatueta dourada. Querem um exemplo? O proprio Tarantino ainda não ganhou um único oscar e hoje é visto como um dos melhores realizadores da actualidade!
ResponderEliminarCorrecção na conjugação verval de beneficiar: ..."talvez ela beneficiasse"...
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