Às vezes apercebemos-nos de que fizemos algo de mal. Apercebemos-nos, e há algo que fica cá dentro, que nos incomoda e magoa. Um mal-estar de arrependimento. É exactamente como eu me sinto agora, zangado comigo próprio. Zangado por ter sido injusto e por não ter pensado. Zangado por ter sido ingrato e infantil.
Lembro-me perfeitamente de um dia em que fiz asneira da grossa, e alguém me disse :
"André, é assim, não faz mal. Todos nós de vez em quando entramos pela janela. Todos nós erramos por vezes, faz parte. Eu também erro."
Lembro-me do post que esse alguém colocou no blog nesse mesmo dia:
"Fico feliz por constatar que aquele aluno que eu conheci em Novembro de 2008 na companhia do João Sacramento é uma pessoa diferente. Já não cora (tanto) quando tem que falar em público. É um aluno interessado em tudo o que seja manifestação cultural da Eslav. Às vezes ainda “salta para cima de algumas janelas” desconhecendo os perigos daí existentes… Mas também atire a primeira pedra quem não fez (faz) coisas parecidas. A vida também contempla os erros. É preciso é que saibamos aprender com eles. Além disso é o nosso técnico de serviço do Clube de Cinema. Esse aluno é o André Vieira."
Acontece que eu voltei a entrar pela janela. E desta vez foi pior. Desta vez, acho que parti a janela sem querer. Enfim, não quero estar aqui armado em escritor sentimental e a transformar isto numa tragédia grega. Apenas quero pedir desculpa a uma pessoa por quem eu tenho muito respeito - embora tenha parecido que não. Quero pedir desculpa por ter sido injusto com uma pessoa que dedica horas da sua vida (ainda por cima com um filho pequeno) a um projecto dedicado à escola e aos alunos - a um não, a vários. Fui injusto, fui estúpido.
Sempre gostei, continuo a gostar e gostarei sempre do Clube Cinema da nossa escola, e não me esqueço nunca do dia em que foi criado, da nossa primeira sessão com apenas 4-5 pessoas, do primeiro filme que eu apresentei: "Les Choristes".
-Foi no Clube de Cinema que conheci várias pessoas tão diferentes, e que hoje posso considerar meus amigos.
-Foi no Clube de Cinema que passei muitas tardes de quarta-feira agradáveis.
-Foi no Clube de Cinema que vi filmes maravilhosos que nunca tinha visto.
-Foi o Clube de Cinema que aguçou o meu gosto pelo Cinema.
-Foi o Clube de Cinema que me fez gostar mais ainda na nossa escola.
Professor Francisco, sei que está magoado connosco. Da minha parte, o máximo que posso fazer é pedir-lhe desculpa por ter sido anormal e injusto - se é que isso serve de alguma coisa.
Resta-me por isso dizer que as pequenas divergências em relação à forma como deve ser gerido o clube, os filmes que passam, a organização por ciclos, as pessoas que apresentam, são tudo assuntos que podem ser perfeitamente conversados com calma e entre todos e que não devem, de forma alguma, gerar conflitos destes nem pôr em causa um projecto tão interessante como o Clube de Cinema. Espero que tudo se resolva na próxima reunião e que eu possa ir assistir à última sessão antes de ir para a universidade, no final do 12ºano.
André Vieira