terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

CINEMA E CINEMAS

Dia: Sábado. Cinema: King. Filme: Un Prophète, de Jacques Audiard.
Dia: Domingo. Cinema: Lusomundo Cascaishopping. Filme: Invictus, de Clint Eastwood.
Un Prophète. Chamaram-lhe o Padrinho do século XXI. Exagerado? Sim. O filme não correspondeu às expectativas. Mas se foi melhor do que ir ver o Did you hear about the Morgans? Sim, foi. Se foi melhor que ir ver o Avatar? Sim, foi. Se foi melhor que ir ver o Sherlock Holmes? Foi.
Invictus. Uma desilusão pegada. Não fosse a assinatura dum dos grandes gigantes sobreviventes do cinema americano, seria apenas mais um filme desinteressante (entre tantos que estreiam entre nós). Morgan Freeman genial, indubitavelmente. O resto, previsível. Será verdade que este filme é do mesmo tipo que realizou o Gran Torino??? Parece que sim.
Mas sejam quais forem as diferenças entre os dois filmes em termos qualitativos, vamos ao que interessa. Que é falar sobre dois cinemas distintos, dois públicos distintos, duas experiências distintas.

King. Cinema mais alternativo. Os filmes premiados em Cannes, Veneza ou Berlim, é ali que os encontramos (ou no El Corte Inglês, faça-se justiça). A sala, num sábado à tarde, contava com a avassaladora presença de 6 pessoas.
Lusomundo Cascaishopping. Cinema para todos: delinquentes juvenis, bebés chorões, idosos lamechas, chanfrados de toda a variedade, labregos e até pessoas que questionamos terem ou não posses económicas suficientes para aquele bilhete de cinema (perdoem a afirmação tipicamente social-democrata... mas há que ser sincero).
King. 150 minutos de sossego a ver um filme que é, no mínimo, diferente.
Lusomundo. Uma experiência com que o 3D não se compara. Começou com as pessoas a chegarem atrasadas aos lugares. Fantástico! Adoro. Depois, vieram as pipocas. A primeira parte do filme, para além do som dos ossos a quebrarem-se nos jogos de rugby, era acompanhada pelo ruído de pipocas a serem mastigadas. Depois, ao meu lado, um sujeito que se levantava constantemente (ou regularmente) da cadeira, apenas para se voltar a sentar um segundo depois. À minha frente, tive a sorte do meu bilhete incluir uma narradora do filme (já que a minha inteligência é muito limitada para compreender filmes complexos como este). A simpática senhora fazia-me o favor de enfatizar as partes dramáticas da obra e por momentos senti-me como um ceguinho completamente à nora a quem a senhora fazia o obséquio de ajudar a atravessar a estrada. Obrigado, cara dama! Ah, e quase me esquecia da cena de pancadaria que quase se desenrolava porque dois rapazes com idade para terem juízo (e para puxarem as calças para cima) se tinham sentado nos lugares errados. Depois, o intervalo. Algo que eu adoro. E que é muito útil. Quem chegou atrasado e não teve tempo para as pipocas, pode ir comprá-las agora. Recomeça então o filme e há mais um rol interminável de sujeitos que chegam atrasados. O filme acaba. Aleluia, viva o senhor!
Foi uma sessão desagradável, que de certo modo me fez valorizar mais Um Profeta. Se o cinema é de facto uma experiência, porque é que são os próprios cinemas os primeiros a incentivar actos tão desagradáveis como estes (é uma pergunta retórica, eu sei porquê - é por causa do camarada LUCRO). Mais vale sempre ir a um cinema alternativo, pacato, ver algo diferente, variar um pouco. Talvez o exemplo do Invictus não tenha sido o melhor. Mas não nos esqueçamos que lá por ser do Sr. Eastwood não deixa der um produto ultra-comercial. Desta vez, apeteceu-me falar mais dos cinemas do que de cinema. Acontece. Para a próxima, prometo gastar um post inteirinho numa apologia a um filme qualquer (ou numa crítica feroz, como tão bem sei fazer...)

1 comentário:

  1. Oh Eça, aquele comentário das pessoas com posses é meio desnecessário. Que raio!

    Bem em relação aos cinemas: às vezes é penoso, sim. Ir ao cinema é uma experiência altamente perigosa nos dias de hoje, há que saber escolher bem o cinema e o dia em que se vai, senão apanha-se com cenas hilariantes e por vezes inacreditáveis. De qualquer forma ao cometer o erro uma vez, ficamos ensinados. Ficamos a saber que nesses cinemas localizados nos (odiáveis) centros comerciais vamos encontrar algum público que vai ali porque já foi ao Jumbo e vai aproveitar para ir comer pipocas e ver um filme, por acaso. Assim sendo há que calcular tudo muito bem para se ir ver as novidades a um sítio perto e num cinema comum. Por exemplo, eu já sei que normalmente os dias de semana são bons pa ir. Fim de semana? Nevá!

    Quanto ao King e esses cinemas mais seleccionados, acho que nem vale a pena comparar. É para outros públicos.

    Vá dedica-te é aos filmes...tou a brincar

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