quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A TERNURA DO PASSADO

Não sou, naturalmente, fechado ao que o cinema tem realizado nos últimos anos. Alguns dos meus realizadores predilectos são jovens - ou, se alguns deles de mais idade, são, todavia, pessoas que continuam trabalhando, e aprendendo, e evoluindo.
Mas vendo, recentemente, dois filmes que me tinham emprestado - um deles, "Aurora", a belíssima primeira película "americana" de Murnau, ainda do tempo do mudo - não posso deixar de assumir que o cinema dos primórdios me é particularmente caro, com a sua inventividade e capacidade de experimentação, hoje substituídas (muitas vezes) por "clichés e truques seguros. Ou com aquela expressividade, hoje substituída (muitas vezes) por poses bonitas e representações "treinadas".
E não, este "post" não representa um desejo de voltar atrás no tempo. É uma homenagem aos primeiros, aos pioneiros da Sétima Arte. É um convite a que reaprendamos a olhar, com ternura e interesse, para os realizadores, técnicos e autores do passado.
Nem sempre o progresso é linear. O cinema ganhou tanto, melhorou de tal modo em tantos aspectos, que podemos admitir que perdeu também algo (uma certa inocência, também), e, já agora, procurar recuperar parte disso.

1 comentário:

  1. concordo com o professor em muitos aspectos: este é um deles. é-me por vezes penoso olhar para os filmes em cartaz nas salas de cinema e não encontrar uma única fita de jeito. e penso depois nos anos longínquos em que era "banal" para as audiências encontrarem um Lang, um Murnau, um Sternberg, um Ford ou um Walsh, em exibição na mesma altura. Por exemplo, em 1941 tivemos (entre muitos outros) os seguintes filmes: Citizen Kane, How Green Was My Valley, Hold Back the Dawn, Ball of Fire, Sullivan's Travels, The Shanghai Gesture, Swamp Water, High Sierra, The Flame of New Orleans, Man Hunt, Tobacco Road, The Wolf Man, Sergeant York, Manpower, Suspicion, Western Union e They Died With Their Boots On... e estes são só alguns dos filmes americanos desse ano. Em 2011 o que é que tivemos: A Árvore da Vida e pouco mais... enfim, Bénard da Costa, na sua incansável nostalgia, tinha muita razão quando lembrava os filmes desse passado, afinal, ainda tão recente (falamos de 60, 70 anos - é assim tanto?).

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