quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Um dia aparentemente anormal...

Acordei às 7:30. ÀS 7:33 tomo o pequeno-almoço. Às 7:40 tomo um duche. Às 7:55 visto-me. Às 8:10 apanho o autocarro para a Escola. Às 8:30 vou para a minha primeira aula. Tenho Geografia, onde reescrevo o script do meu filme; Educação Física, onde um colega meu deixa cair as calças a dar um mortal; e Inglês, onde falámos sobre deficientes com pernas de chita. Às 13:30 vou comprar o meu almoço ao pingo doce e depois sigo para casa do Guilherme (onde agora me encontro). Esperamos o camarada Sacramento para uma boa sessão de filmes ou de PS3. Enfim, um dia que deveria ter sido normal.
Mas não, não foi um dia normal. Tendo em conta que é uma quarta-feira e havia sessão no Clube de Cinema, não foi um dia normal. Porquê?, pergunto eu. Porque o filme que será passado é nem mais nem menos A Troca, de Clint Eastwood, que estreou por cá há cerca de um ano. Um filme que a grande maioria dos "membros regulares" já viu. E sem serem esses membros regulares o clubde de cinema não conta com muito mais participações espontâneas da parte de outros alunos. Essa é a verdade. Porque deveria eu ir ver um filme que já vi, numa sala sem condições, durantes quase três horas? Um filme que há em todos os vídeoclubes do país e que se pode adquirir em qualquer loja especializada? Em relação ao ciclo, acho um pouco disparatado este ciclo "Clint Eastwood". Foi um ciclo que não foi decidido por ninguém senão pelos professores responsáveis pelo clube. Agora eu pergunto: São apenas os professores a decidir o futuro deste clube, ou não terão também os alunos uma palavra a dar? É que caso não se recordem, em democracia e em discussão de gostos, quase todos os alunos demonstraram o seu descontentamento com os ciclos. Então, porque é que os ciclos continuam? Ou, melhor, porque é que não funcionam como tinha ficado decidido? (relembro que a decisão dizia que se poderia começar um ciclo se houvesse pessoas com interesses em comum para se passarem filmes com uma lógica e se a maioria do clube não tivesse objecções) Morreu agora Eric Rohmer. Não teria mais lógica que se passasse um filme seu como homenagem??? Em vez disso, apenas porque o décimo ano escolheu o Gran Torino (aliás, uma ideia fantástica - havia imensos alunos do décimo ano na sessão!), começa-se um ciclo com que ninguém concorda. Se eu fui à discussão do Gran Torino foi apenas porque fui almoçar fora e me despachei a horas, mais nada. É um filme que estreou ainda mais recentemente do que a Troca. Se o Clube de Cinema não serve para passar filmes um pouco alternativos, desconhecidos à maioria das pessoas, ou que sejam inovadores e/ou diferentes, então, e peço desculpa, não serve para nada. Isto para não falar que eu já apresentei dois filmes e nenhum era o que eu queria verdadeiramente mostrar! Passei a Dama de Xangai porque o professor Francisco queria um filme com uma mulher protagonista, e passei o Sementes de Violência por causa do Ciclo da Escola e Sociedade. Esta é que é a pura das verdades. Formou-se um Clube onde as escolhas dos alunos são completamente manipuladas. E o cúmulo são os comentários sistemáticos de professores repletos de indirectas, ameaças de expulsão e insistências aborrecidas. Eu compreendo que os professores queiram que o Clube de Cinema se encha de jovens ansiosos por ver filmes e por discutir a sétima arte. Mas o que os professores não percebem é que são eles próprios os responsáveis por todos os problemas do Clube e pela diminuição do número de pessoas - sobretudo dos "membros regulares". Por tudo isto, acho que o Clube de Cinema devia ter uma reunião séria com a maioria dos seus membros para se decidir o seu futuro. E se o professor Francisco mantém a sua ideia de acabar com o Clube ou de expulsar os membros que faltam às sessões, então eu só posso dizer: Avante! Não escrevi textos proféticos, como infelizmente já fiz, fui apenas honesto o suficiente para dizer o que sinto, e fi-lo publicamente com este texto, para que todo o Clube e toda a ESLAV o possa ver. Estou disponível também para falar em privado com quem o desejar - como é óbvio. Acabo apenas este texto sobre um dia que se revelou anormal dizendo que quando escrevi o post a criticar o colega André Vieira, isso se deveu a duas razões: as ofensas do André e a forma como o meu filme estava sempre a ser adiado (com um tratamento por parte do Clube que nem me permitiu apresentar o filme que eu queria - recordo - Salvador, de Oliver Stone). O que é engraçado é que entretanto fiz as pazes com o Vieira e as coisas evoluíram de tal modo que hoje somos já bons amigos. Com o Clube de Cinema, no entanto, as coisas não se resolveram ainda. Estranho!

Cumprimentos a todos,
João Maria Delgado Martins de Almeida d'Eça

e um olá do Guilherme.

9 comentários:

  1. Há aqui, portanto, uma visão alternativa de como as coisas devem funcionar em democracia. Através de uma força de pressão organizada clandestinamente. Muito bem, estamos sempre a aprender...

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  2. é chamada la resistance. é que eu vi há pouco o Escape to Victory (1981), do John Huston, e pelo menos no filme a coisa resultou.

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  4. Há certas coisas que eu não compreendo...

    Professor Francisco (na sessão do Gran Torino) : "Como sabem, podem vir ao CC quando vos apetecer. Isto é totalmente livre, podem aparecer quando quiserem. Podem não vir ver o filme e aparecer cá para a discussão e vice-versa. É claro que, sendo o lema deste clube "gostos discutem-se", a ideia é ficarem cá para a discussão do filme; no entanto há sempre pessoas que, pelos mais variados motivos (e eu não questiono esses motivos), bazam depois do filme; não tem qualquer problema. Há pessoas, como por exemplo o Ruben, que só cá aparecem de vez em quando."

    Uns dias depois, a 20 de Janeiro, quando ia passar "A Troca" de Clint Eastwood, o Eça, eu, o João Sacramento decidimos que não iríamos à sessão, não só por ter sido um filme que já tínhamos visto, como também por serem quase 3horas de filme,sentados naquelas cadeiras que já todos sabemos que são desconfortáveis. Eu fui estudar matemática (tenho um exame nacional
    intermédio no dia 27). O Eça e o restantes foram fazer outras coisas (coisas que o professor Francisco - aparentemente - não questiona.

    Isto foi o que o professor Francisco disse ao nosso amigo André Jorge nesse mesmo dia:

    "Se eles não forem à sessão de hoje, o melhor é acabar com o CC, até porque eu ando bastante ocupado com a crítica e tal. Se eles não querem vir às sessões, acaba-se com o CC. Ou melhor, diz-lhes que se eles não forem são expulsos."

    É impressão minha, ou há aqui algo de estranho? Algo de contraditório?

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  5. Em seguimento de um mal entendido( resultante de uma conversa que tive com o professor Francisco a respeito da falta de comparência de alguns elementos do CC na sessão de "A troca") surge, em simultâneo, a necessidade de um pedido de desculpas e de um esclarecimento. A minha má interpretação da palavras do professor Francisco quando este, ironicamente, se referia à situação mencionada anteriormente deram azo a um agravamento da mesma e, no que a isso diz respeito, assumo a minha responsabilidade e renovo as minhas desculpas. Posto isto gostaria apenas de fazer um pequeno apontamento: 1º a decisão dos membros do CC que faltaram à sessão tinha sido previamente tomada e por isso considero qualquer tentativa de aproveitamento deste incidente como justificação inadmissível e imatura(para não dizer mais);2º Quero deixar bem claro que procuro sempre manter a independência e agir com bom senso (mesmo perante pressões para faltar à sessão);3º Acho que toda esta situação em nada ajuda e posso, com alguma segurança, afirmar que dela não sairá nada de positivo;4ºPor último acho que as divergências em causa são apenas e só relativas à organização e funcionamento do CC e por isso devem ser tratadas com frontalidade e bom senso no local apropriado! André Jorge

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  6. Portanto, haverá algum tipo de conversa em que os membros do Clube possam falar sobre esta trapalhada toda?

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  7. Sem muito a acrescentar em tudo o que foi dito, acho que se devia marcar uma reúnião, em que todos os membros possam conversar e chegar a uma conclusão séria e definitiva.

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  8. será obviamente na próxima quarta-feira. convocam-se todos os membros. os regulares e os irregulares, sejam lá uns e outros quem forem, signifique lá isso o que significar...

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  9. Explico-lhe então o significado segundo o dicionário:
    Regular: que não tem grandes variações. = CERTO, CONSTANTE, UNIFORME
    Espero que tenha ficado esclarecido.

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