terça-feira, 5 de abril de 2011

24.ª Sessão do CC de 2010/2011

Quarta-feira no Anfiteatro
06 de Abril de 2011
às 14h00


Capitães de Abril

de Maria de Medeiros


apresentado pela
Encarregada de Educação

Paula Montez


Abril será sempre o mês da Revolução dos Cravos

Escolhi o filme «Capitães de Abril» por motivos de ordem pessoal e por motivos de ordem histórica.

Andava na 4.ª classe (actual 4.º ano) quando aconteceu o 25 de Abril. Sou daquelas pessoas que tem a imagem de criança de ver os quadros de Marcelo Caetano e de Américo Tomás a serem retirados da parede da sala de aula. Lá em casa na parede da sala havia um quadro do Che Guevara e recordo o receio que a minha mãe tinha que alguém de fora o visse, o homem que ia contar a luz ou alguém que fosse fazer uma reparação. O meu pai era oficial da Marinha, uma pessoa de esquerda que não concordava com a ditadura. O meu irmão com quase 18 anos estava na calha para ir para a Guerra Colonial. O 25 de Abril entrou em minha casa como uma esperança renovada. No primeiro 1º de Maio (dia do Trabalhador que antes não se podia comemorar) fomos para a Alameda e, daquela imagem do povo unido enchendo as ruas ainda sem bandeiras de partidos políticos, retenho a ideia de que as pessoas estavam realmente com uma expressão feliz nos rostos. Tinha chegado o seu momento de sentir a Liberdade de poderem falar umas com as outras sem o receio de serem denunciadas à polícia política (PIDE) pelo vizinho do lado.

Passaram já mais de três décadas do 25 de Abril e muito dos que aqui estão a assistir ao filme são filhos da geração dos filhos de Abril. Habituámo-nos a comemorar a revolução cada vez mais longínqua de Abril, mas muitos de nós já não sabemos exactamente o que comemoramos. Para as próximas gerações o 25 de Abril será apenas mais um acontecimento a estudar no livro de História. Para além disso restam-nos as imagens: as fotografias e os filmes documentais que ficaram, e os filmes que entretanto se fizeram.

A Maria de Medeiros, actriz e realizadora do filme «Capitães de Abril», é também ela uma filha de Abril que achou pertinente traduzir o 25 de Abril num filme. Para isso teve certamente que estudar a época e que se documentar, porque este não é meramente um filme ficcional, é um filme que retrata um momento histórico. No entanto não se pode considerar um documentário porque as cenas são recriadas, com histórias por vezes mesmo romanceadas. A meu ver, com a minha memória dos factos e os conhecimentos que tenho do 25 de Abril, a realizadora soube captar o momento e dar uma ideia muito fiel do que realmente aconteceu naquele dia.

Estamos no mês de Abril. Para as pessoas da minha geração, o mês de Abril será sempre o mês da Revolução dos Cravos. Naquele dia foi possível acabar com a ditadura sem se recorrer à violência. O povo saiu à rua e os soldados colocaram-se do lado do povo, contra um regime que os mandava para a guerra morrer ou matar. Por isso foi um momento completamente bonito, com as ruas cheias de gente unida a acreditar em si própria e na sua capacidade de impor uma mudança.
Desejo que apreciem o filme e que participem activamente no debate.
E boas férias que bem merecem!

Paula Montez



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