Nas sessões dos “Gostos Discutem-se” existem pelo menos 4 formas de agir quando um membro do Clube de Cinema decide fazer uma escolha, com a qual não se concorda, e apresentar um filme.
1 - Uma é ir à sessão mas ignorar. Não o questionando portanto. Por ausência de argumentos ou porque tendo-os se respeita o autor da opinião e se deseja que o debate não provoque feridas que podem deixar marcas no futuro relacionamento.
2 - Outra é não estar presente na sessão. Surge também para evitar o confronto. Pode-se sempre arranjar um falso motivo para a ausência. Em alguns casos até se pode escrever no blogue, sobre outro assunto, com indirectas à qualidade do filme ou do realizador, mas sem assumir a discordância duma forma clara.
3 - Outra ainda é não ir à sessão e explicar porquê. Dando a explicação a terceiros ou acabando por desenvolver os seus argumentos no blogue. Sem o fazer verbalmente, no local indicado que é no debate que se segue à passagem do filme. Afinal todos têm o direito a escolher pelo menos um filme e poder ter o prazer de o debater, mesmo que existam opiniões desfavoráveis. Se todos utilizassem esta estratégia nunca haveria um debate suficientemente rico e possivelmente existiria uma unanimidade bem desinteressante.
4 - Outras vezes decide-se ir à sessão e enfrentar o confronto de ideias. Sem preconceitos. De uma forma civilizada. Sem golpes baixos, truques de argumentação ou outros estratagemas conhecidos que não conduzem a um salutar debate. Aquilo que eu chamo de “debate honesto”. Sem vencidos nem vencedores. Tentando não transformar a conversa num jogo: em que vencer é mais importante do que ouvir o que o outro tem para nos dizer. Desta forma eu fico a pensar nos argumentos que me foram colocados e espero que o outro faça o mesmo.
Reconheço que no Clube de Cinema, face a escolhas ou opiniões de alunos, professores ou convidados, já utilizei a primeira opção embora muito poucas vezes. Sempre que o fiz fiquei com o sabor amargo de sentir que não consegui ser suficientemente corajoso para enfrentar o meu companheiro de Clube com a minha opinião e poder voltar a conversar sem ressentimentos. Principalmente quando se trata de um elemento mais antigo, que eu já considero Amigo, não me deixa inteiramente satisfeito. Sinto um sentimento de cobardia que não me deixa bem comigo próprio. E por isso tenho vindo a utilizar a última opção. Provavelmente, em alguns casos, posso vir a perder algumas Amizades. Mas sinto um sentimento de coerência que me faz dormir descansado.
Nestes quase 3 anos de vida do Clube de Cinema já fiz várias Amizades com alunos, professores e convidados. Já assisti a sessões de filmes com que, à partida, não simpatizava muito e depois mudei de opinião. Noutros filmes em que eu depositava grandes esperanças, percebi que perderam a frescura que eu julgava que tinham. E claro, felizmente, a maioria dos filmes mantiveram ou até melhoraram aquando duma outra visão. Para isso foi sempre essencial o debate que se realizou no final e que faz deste Nosso Clube algo tão especial. Só apresentei ainda 2 filmes e acho que faltei somente a uma das 70 sessões organizadas desde Novembro de 2008, porque tive que dar assistência ao meu filho mais novo que se encontrava doente. E bem me custou porque o filme era “O Leopardo”, apresentado pelo meu Amigo José Pacheco.
Relembro que este texto não se refere aos membros do Clube, alunos e professores, que (simpatizando ou não com a proposta de filme) têm justificações incontornáveis para as suas ausências: preparação para os testes e o estudo em geral, reuniões, preparações de aulas ou, simplesmente, compromissos pessoais inadiáveis.
É claro que este post se dirige a todos os meus Amigos do Clube de Cinema que, por um motivo ou outro, têm optado, por vezes, por utilizar as estratégias 1, 2 ou 3. Apesar de não concordar com eles quando agem dessa maneira, eu considero-os ainda meus Amigos.
Tem sido um prazer enorme partilhar várias opiniões e conhecer diferentes propostas de filmes nestes 3 anos e continuar a fazer Amizades. É por isso que eu continuo a ser um fiel Amigo do Nosso Clube de Cinema “Gostos Discutem-se”.
CINEMA: O PODER DO CÃO
Há 2 anos
(*) Amigo – aquele que demonstra afecto, amizade; afeiçoado. Em que há amizade, benevolência. Indivíduo com quem se tem amizade, companheirismo. (Dicionário de Língua Portuguesa)
ResponderEliminarConfesso que enquanto estive na escola optei algumas vezes pela opção 1, sobretudo quando nas primeiras sessões procurei o espaço do clube de cinema como uma forma de me integrar na escola. Mas ainda assim existe outra opção Francisco _ Assistir, mas optar por não comentar por falta de segurança nas nossas opiniões. Este é um motivo no qual eu me incluo. Por um lado ele acrescenta um sinal positivo aos muitos cinéfilos que assistiram às mesmas sessões que eu, e dos quais eu ouvi opiniões inteligentes e muito bem argumentadas deixando em mim, por vezes um sentimento de insignificancia relativamente a qualquer coisa que eu possa dizer. Por isso assumo que muitas vezes assisti apenas pelo prazer da companhia e dos ouvir falar.
ResponderEliminarMas também admito, quando ganhei confiança para participar nos debates (quer concordasse, quer não concordasse) confesso que senti uma mais valia que me ajudou a fortalecer as minhas próprias opiniões sobre filmes, e sobre o cinema em geral...
Em primeiro lugar saúdo a tua participação no blogue o que vem provar que, mesmo estando longe, o "bichinho" cinéfilo pelos "Gostos Discutem-se" permanece.
ResponderEliminarQuanto à questão que colocas, confesso que não a equacionei e, portanto (muito ao jeito dos professores) eu numerava-a como 1.1.
Um abraço do Amigo Francisco