quarta-feira, 12 de maio de 2010

GATO PRETO, GATO BRANCO, NUM TEXTO EM QUE QUASE NÃO FALO SOBRE O FILME

No clube de cinema, gostamos (gosta-se, gosto eu, pelo menos) mais de algumas sessões. Podem ser muitas as razões pelas quais há uma ou outra tarde que nos atingem (me atingem) especialmente; e, sobretudo, perdoem-me a heresia, somos sensíveis (eu sou), por vezes, a motivos que ultrapassam a qualidade do filme em si mesmo.

Por exemplo, quando um convidado nos vem visitar; ou quando o debate é animado; ou se disseram coisas interessantes, ou engraçadas, em que ficámos a remoer...

Esta sessão, apesar de, estranhamente, não ter sido das melhores do ponto de vista da conversa que se seguiu (um pouco como se as pessoas estivessem intimidadas ou fechadas sobre si), foi certamente das mais fortes ou, pelo menos, das que mais me tocaram, por dezenas de outras razões. Dezenas, mas fiquemo-nos por uma dezena.

1. Porque, neste caso, o próprio filme era excelente. E eu que temia algo demasiado intelectual, incompreensível, mas dei comigo completamente agarrado, rindo muito, tentando seguir o novelo caótico, contudo irresistível, ou aquele humor em que até os maus têm algum elemento que os salva...

2. Por ter sido uma escolha do Sacramento, que, oscilando entre a timidez e a saudável irreverência, se tem mostrado um cinéfilo cheio de recursos e ideias, desde a primeira hora, e que me apresentou já (e emprestou) algumas obras que só ganhei em descobrir...

3. Por ter inaugurado o regresso do impagável Guilherme - caramba, há quanto tempo! -, da certeira Liliana, do imprevisível Vasco e da atarefada (mas impressionante) Beatriz...

4. Por contar com a presença de Paula Fonseca, a dinâmica amiga cuja intervenção é sempre - como agora se diz - uma mais-valia...

5. Por presenças novas, ainda que breves, e ainda que se não saiba, neste momento, se tornarão.

6. Por ter tido o prazer de olhar cá debaixo e deparar com uma sala bem preenchida - teriam sido quinze, vinte cinéfilos, pelo menos ao princípio?

7. Por saber que, mesmo os que chegaram mais tarde mas fizeram questão de não deixar de marcar presença - Eça, André Jorge -, se demoraram a fazer algo que também tem que ver com o clube de cinema: a curta-metragem, que aguardo ansiosamente.

8. Por ter visto o André Vieira, sentado mesmo à minha frente, a rir, em face do filme, com um certo jeito surpreendido, sacudindo a cabeça e abrindo os braços, como quem diz: «Oh, raios, mas que é isto? Que mais irá acontecer!?»

9. Pela dedicação com que o Sacramento e o Vieira se apresentaram, um de negro, outro de branco, numa alusão ao Gato Preto, Gato Branco.

10. Pelos magníficos risos da rapaziada do 8º ano, que persistem no clube, cheios de vontade e vitalidade, como promessa já segura.

Garanto-vos que tudo isto me foi passando pela cabeça ao longo da sessão. Isto e diversas outras coisas, mas não vale a pena acrescentar seja o que for: tinha jurado a mim próprio que ia referir unicamente dez razões. E ei-las.

2 comentários:

  1. Grande artigo! O Filme era bom e deu para soltar umas boas gargalhadas ehehehe Não sei porque parece quando vejo os filmes no cc gosto mais deles... É estranho mas é verdade ainda nao me arrependi de nenhum (talvez nao gostei tanto do Infiltrado), é como os ver com outro olhar. Este filme para salientar foi das maiores "fricalhices" que ja vi!

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  2. Como seria de esperar tenho muita pena em não ter conseguido participar nesta discussão, que tanto me interessava. De qualquer forma espero que quem não tinha visto o filme anteriormente, tenha tido nesta experiência a sensação de estar perante algo inesquecivel (caracteristica essencial a qualquer filme que se goste) e completamente freak :P.

    Já agora gostava só de saber quais os comentários que se fizeram ouvir na discussão, ou outros em relação ao filme. Alguma interpretação dos gatos? Alguma opinião mais irreverente? Se houver algo para contar, quero saber...

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