segunda-feira, 17 de outubro de 2011

4.ª Sessão do CC de 2011/2012

Quarta-feira no Anfiteatro
19 de Outubro às 15h00

O Couraçado Potemkim
de Sergei Eisenstein

apresentado pelo
Prof. Francisco Morais



Chegou o momento de revelar
(e recordar) a face escondida do bilhete que se encontra no cabeçalho do nosso blogue.

Talvez esta minha necessidade de recordar se deva também ao facto de, na minha opinião, ser necessário ler e aceitar, como ponto de partida para qualquer discussão no Clube de Cinema, o texto escrito pelo jornalista Joaquim Fidalgo que se encontra, no nosso blogue, por cima desse bilhete:

“(...) Discutir os gostos do outro não é desconsiderá-lo - pelo contrário, é valorizá-lo, e querer entendê-lo, é abrir um debate que, depois de aberto, pode levar a muitas novas conclusões, do outro ou de mim próprio.
Tentar convencer o outro de que o meu gosto é mais "gostoso" também não tem nada de mal, desde que eu o faça com argumentos e diálogo, num processo que me leva a ouvir também o que ele tem para me dizer dos seus próprios gostos.
Não é isto viver em sociedade, ser livre e praticar a liberdade - mas uma liberdade activa, crítica, empenhada, algo mais do que "cada um é como é e tem todo o direito, e eu não me meto porque não tenho nada a ver com isso”? (...)

Em 05 de Maio de 1974, eu tinha 17 anos. Estava a viver um dos momentos mais felizes da minha vida e a presenciar um conjunto de acontecimentos políticos e sociais que iriam ser determinantes para a minha formação como ser humano. Entretanto, estava à beira de fazer o serviço militar (com a inevitável viagem para combater numa guerra sem sentido) e, em face do sucedido, tudo se alterou. Quatro dias antes (no primeiro 1.º de Maio de Liberdade), eu tinha assistido a uma manifestação de solidariedade humana que jamais esquecerei. Por isso também nesse dia 05 de Maio de 1974, a sessão de cinema que assisti foi o culminar de um conjunto de sentimentos da totalidade das pessoas que assistiram ao filme: “O Couraçado de Potemkin” do realizador soviético Sergei Eisenstein.

Nessa data já me considerava um amante de cinema. Comecei a fazer registos (ainda os faço actualmente) dos filmes vistos a partir de 1972. É de salientar que nessa época os filmes eram visionados somente no cinema (muito pouco na televisão) e, principalmente, todos eram sujeitos aos cortes da censura. Outros nem sequer chegavam a entrar no circuito comercial como era o caso de “O Couraçado de Potemkin”.

Estavam então reunidas as condições para se tornar a tal sessão inesquecível da minha vida: sala esgotadíssima (o cinema Império era enorme) e todas as pessoas se comportavam como se partilhassem um momento único. Nos momentos do filme mais emocionantes batiam-se frequentemente palmas demoradas e gritava-se nas cenas mais dolorosas e angustiantes. Como a famosa cena da escadaria de Odessa...

Este filme é de 1925 (mudo portanto) e tem acompanhamento musical do compositor alemão Edmund Meisel (que compôs a partitura musical especialmente para o filme) que acentua e intensifica a dinâmica de montagem, para a época considerada excepcional.

Para muitos cinéfilos, nos quais eu me incluo, continua a ser uma obra-prima do cinema.

Ah, já me esquecia. No final da sessão, com as luzes da sala iluminando os presentes, viam-se ainda nos rostos das pessoas lágrimas de alegria…
Francisco Morais

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