“(...) Discutir os gostos do outro não é desconsiderá-lo - pelo contrário, é valorizá-lo, e querer entendê-lo, é abrir um debate que, depois de aberto, pode levar a muitas novas conclusões, do outro ou de mim próprio.
Tentar convencer o outro de que o meu gosto é mais "gostoso" também não tem nada de mal, desde que eu o faça com argumentos e diálogo, num processo que me leva a ouvir também o que ele tem para me dizer dos seus próprios gostos. (...)
Joaquim Fidalgo
"Público" 15 Fev. 2006
terça-feira, 6 de outubro de 2009
FREE ROMAN POLANSKI!!!
FREE ROMAN POLANSKI é o que aparece em várias t-shirts que foram postas à venda na internet, depois do célebre realizador ter sido detido a 26 de Setembro, em Zurique. Várias vozes protestaram quase imediatamente contra a detenção surpresa do cineasta, entre as quais costa gavras, ettore scola, giuseppe tornatore, entre outros grandes vultos da actualidade. Polanski é acusado de ter violado uma rapariga de 13 anos em 1977, na casa de Jack Nicholson. Depois de uma festa em que tinham sido consumidos álcool e drogas, polanski terá tido relações sexuais com a miúda, o que não significa que seja pedófilo ou tarado. Segundo ele, o sexo teve o consentimento de ambos. Entretanto, Polanski admite o crime e a rapariga perdoa-o publicamente, afirmando que o realizador não representa nenhuma ameaça. Então, a que se deve esta prisão idiota? Parece que o departamento policial de LA não desistiu de perseguir o realizador e aproveitou para o prender durante o festival de cinema de Zurique, em que ia ser homenageado com um prémio de carreira. Apesar de ultimamente não ter feito grandes filmes, há sempre a oportunidade que ele se saia com uma obra-prima e não é na prisão que vai conseguir fazê-la. Por isso, FREE POLANSKI!
É de recordar o terrível incidente do assassinato de Sharon Tate, em 1969, a mulher de Polanski que estava grávida de oito meses e meio na altura (que poderá ou não ter deseiquilibrado mentalmente Polanski, o que eu duvido). Charles Manson e a sua seita de assassinos foram os responsáveis.
Mas deixemo-nos destes horrores e passemos à carreira deste grande realizador.
Momentos nostálgicos:
Filmografia do realizador -
após ter realizado inúmeras curtas-metragens, Polanski realizou o seu primeiro filme:
Faca na água, 1962 - o primeiro filme do realizador (ainda realizado na Polónia), um drama sexual intenso.
The Beautiful Swindlers, 1964 - após ter realizado o excelente faca na água, Polanski (ainda tão novinho) foi convidado para trabalhar neste filme, juntamente com Godard, Claude Chabrol e outros. Cada um realizou um segmento.
Repulsa, 1965 - o seu primeiro filme inglês e outro drama sexual sobre uma mulher que tem medo de homens e se sente repelida pela figura do macho. Com Catherine Deneuve.
Cul-deSac, 1966 - outro drama psicológico sobre dois gangsters que, após um roubo falhado, se refugiam num castelo onde vivem um homem louco e a sua luxuriosa mulher.
The Fearless Vampire Killers or: Pardon me, Madam, but your teeth are in my neck, 1967 - Polanski satiriza os filmes de vampiros com esta divertida comédia.
A Semente do Diabo (Rosemary's Baby), 1968 - outra incursão no domínio do terror. O filme conta a história de uma seita de seguidores de satanás que fazem com o que o diabo engravide a pobre da Mia Farrow. Com John Cassavetes e Ruth Gordon. Talvez o meu filme preferido de Polanski.
The Tragedy of Macbeth, 1971 - uma adaptação violenta da obra de Shakespeare. Com John Finch e Francesca Annis.
What?, 1973 - um filme que explora os limites do absurdo naquilo a que os críticos chamaram "uma adaptação da Alice no País das Maravilhas", mas em que as situações fantásticas são trocadas por cenas eróticas. Com Marcello Mastroianni.
Chinatown, 1974 - uma ressurreição do film noir. Conta com jack Nicholson, Faye Dunaway e John Huston. Um dos seus melhores filmes.
O Inquilino, 1976 - drama psicológico fantástico (um género que eu adoro), sobre os habitantes de um prédio que levam o novo inquilino à loucura e ao suícidio. Roman Polanski interepreta o papel do protagonista. O filme conta com a magnífica Shelley Winters.
Tess, 1979 - uma adaptação da célebre novela de Thomas Hardy, Tess of the d'Ubervilles.
Piratas, 1986 - uma comédia de aventuras sobre os piratas das caríbas que foi um total desastre financeiro. Com Walter Matthau.
Busca Frenética, 1988 - um thriller com Harrison Ford sobre um marido que inadvertidamente troca de malas num aeroporto e no dia seguinte descobre que a sua mulher foi raptada.
Lua de Mel, Lua de Fel, 1992 - um filme sobre as fantasias sexuais e a vida amorosa de dois casais. Com Hugh Grant, Kristin Scott Thomas, Peter Coyote e Emmanuelle Seigner.
A Morte e a Donzela, 1994 - um filme passado num país sul-americano pós-regime fascista, em que Sigourney Weaver é uma mulher que reencontra Ben Kingsley, um médico apoiante do antigo regime e que a tinha violado na altura.
A Nona Porta, 1999 - já foi visto no clube de cinema. A minha opinião: mais ou menos.
O Pianista, 2002 - o filme ideal para alguém com uma depressão - suicida-se logo. Para as pessoas normais, um filme deveras aborrecido, que quase nos faz desejar que o Holocausto tivesse sido concretizado. Adrien Brody :)
Oliver Twist, 2005 - outra adaptação da célebre novela de Dickens, mas que pouco ou nada acrescenta às anteriores. Mais vale ver o Oliver! do Carol Reed.
Cinèma Erotique, 2007 - um dos melhores (e mais engraçados) segmentos do filme Chacun son Cinèma (que volto a recomendar). Gostei também dos segmentos do cronenberg, do manoel de oliveira, do ken loach, do nani moretti e do andrei konchalovsky.
2010 - data prevista para a estreia do seu próximo filme, The Ghost, um drama político com Pierce Brosnan. Devido à prisa de Polanski, a produção está actualmente em stand-by.
Excelente texto sobre este realizador. Parabéns Eça. É um cineasta que admiro. Concordo contigo relativamente ao Oliver Twist - não é grande coisa - mas O Pianista não me parece que seja um mau filme... Já "O Inquilino" é um filme brilhante. Tenho saudades de rever os primeiros filmes dele que tive a oportunidade de assistir num ciclo da cinemateca (finais dos anos 70. O filme que referes como "A Morte e a Donzela" teve como título em português "A Noite da Vingança". Nem a propósito vi há pouco no mais recente catálogo da FNAC à venda um documentário de Marina Zenovich sobre Polanski e sobre o caso da suposta violação da jovem americana. Já conheces?
já tive a ocasião de responder ao professor francisco em pessoa mas faço-o agora publicamente, já que a resposta será, porventura, do interesse público. Não, não vi esse documentário, embora já tenha ouvido falar. Desconheço se é bom ou não. Quanto à Noite da Vingança, acontece muitas vezes que não decoro os títulos em português, ou o inverso. E já agora aproveito para dizer que pior do que títulos que não têm nada a ver com o filmes é quando se decide mudar os títulos dos filmes. Dou o exemplo do filme Freaks de Tod Browning (que já tem quase oitenta anos) que sempre se chamou a Parada dos Monstros em português (título deveras interessante, na minha opinião). Agora que o filme saiu em DVD mudaram para Aberrações. Ora não as pessoas de ficar confusas!
o que eu acho no roman polanski é que os seus filmes mais recentes se afastam bastante das temáticas da sua obra inicial (e pelas quais ele é conhecido). É algo que eu não entendo, sinceramente. quer se goste do pianista ou não, temos de admitir que nenhum crítico citaria aquele filme quando tivesse que dar um exemplo do trabalho e dos temas dos seus filmes.
Confesso que não vi alguns dos filmes que citaste João, isto embora sejam muito referidos pelos criticos como a tal marca de autor de Polanski (estou-me a referir ao Rosemary´s Baby e ao Chinatown). Mas gostava de os ver!
Premissa: O Pianista é um dos meus filmes favoritos.
ResponderEliminarConclusão lógica: O Eça não gosta desse filme.
Excelente texto sobre este realizador. Parabéns Eça.
ResponderEliminarÉ um cineasta que admiro. Concordo contigo relativamente ao Oliver Twist - não é grande coisa - mas O Pianista não me parece que seja um mau filme... Já "O Inquilino" é um filme brilhante. Tenho saudades de rever os primeiros filmes dele que tive a oportunidade de assistir num ciclo da cinemateca (finais dos anos 70.
O filme que referes como "A Morte e a Donzela" teve como título em português "A Noite da Vingança".
Nem a propósito vi há pouco no mais recente catálogo da FNAC à venda um documentário de Marina Zenovich sobre Polanski e sobre o caso da suposta violação da jovem americana. Já conheces?
o professor pacheco vai-te dar na cabeça por não saberes o que é um silogismo!
ResponderEliminar(mas lá que teve piada, isso teve)
já tive a ocasião de responder ao professor francisco em pessoa mas faço-o agora publicamente, já que a resposta será, porventura, do interesse público. Não, não vi esse documentário, embora já tenha ouvido falar. Desconheço se é bom ou não.
ResponderEliminarQuanto à Noite da Vingança, acontece muitas vezes que não decoro os títulos em português, ou o inverso. E já agora aproveito para dizer que pior do que títulos que não têm nada a ver com o filmes é quando se decide mudar os títulos dos filmes. Dou o exemplo do filme Freaks de Tod Browning (que já tem quase oitenta anos) que sempre se chamou a Parada dos Monstros em português (título deveras interessante, na minha opinião). Agora que o filme saiu em DVD mudaram para Aberrações. Ora não as pessoas de ficar confusas!
o que eu acho no roman polanski é que os seus filmes mais recentes se afastam bastante das temáticas da sua obra inicial (e pelas quais ele é conhecido). É algo que eu não entendo, sinceramente. quer se goste do pianista ou não, temos de admitir que nenhum crítico citaria aquele filme quando tivesse que dar um exemplo do trabalho e dos temas dos seus filmes.
ResponderEliminarConfesso que não vi alguns dos filmes que citaste João, isto embora sejam muito referidos pelos criticos como a tal marca de autor de Polanski (estou-me a referir ao Rosemary´s Baby e ao Chinatown).
ResponderEliminarMas gostava de os ver!