sábado, 19 de março de 2011

Senhor Preconceito

Professor José Pacheco, confesso que quase chorei ao ler este seu post. Fiquei deveras comovido, sem dúvida. No entanto, há alguns aspectos que convinha esclarecer. E para o fazer, porque não dar um cheirinho filosófico à coisa? Pois bem, é muito provável (quase certo) que a maioria das pessoas não concorde com o que vou dizer. É-me igual ao litro.

Pois aqui vai a minha carta ao Sr. Preconceito da Silva Ramos. Trato-o por “tu” porque já nos conhecemos há algum tempo e tenho confianças com ele.

Sr. Preconceito, 19-03-2011


Queria agradecer-te pessoalmente por existires. A maioria das pessoas despreza-te injustamente e atribui-te apenas aspectos negativos. Pois para mim, digo-te amigo, és-me muito útil. Sabes, existe demasiada coisa no mundo. Nós somos muito pequenos e não temos espaço para conseguir abarcar as notas de toda a música que já foi escrita, todos os estilos de arte e expressão que por cá passaram, todas as paisagens e árvores e luzes. Não conseguimos provar todos os sabores ou ver todas as cores. Nem sequer temos capacidade para gostar de todo o tipo de personalidades, comportamentos e filosofias. Sabes porquê, Sr Preconceito? Porque hoje somos quase 7 biliões e não há um igual ao outro. As pessoas são tão diferentes que às vezes é díficil encontrar semelhanças para além do biológico, instintivo e inato. É graças a ti, Sr Preconceito, que eu consigo escolher e organizar tudo isto. É graças a ti que consigo optar pelo que é mais importante para mim, arrumar em gavetas toda a variadade que há por aí, e perceber aquilo que está mais de acordo com a minha personalidade. Lá está, Sr Preconceito: a minha personalidade, que é uma das quase 7 biliões diferentes.

É claro que tu às vezes levas a que as pessoas se desrespeitem ou discriminem. A culpa não é só tua, mas às vezes ajudas. Desde que se saiba respeitar os outros, aceitar que existe variedade e que que as pessoas não gostam todas das mesmas coisas, não há problema. Agora há uma coisa importante, Sr. Preconceito. Não se pode dizer que não se gosta de uma coisa sem a experimentar primeiro. Mais do que uma vez, porque a primeira nem sempre chega. Portanto, Sr. Preconceito, tu és fantástico, desde que as pessoas te saibam usar, não achas?


Conclusão final: Um dia enquanto passava uma vista de olhos nos canais de televisão deparei-me com um programa de Wrestling. Começei a ver e achei muito mau. No dia seguinte voltei a ver, e isso foi suficiente para perceber que detesto aquilo. Não voltei a ver, nem quero voltar a ver. Quando ouvi rap pela primeira vez, não gostei muito. Tentei ouvir mais músicas para perceber melhor e concluí que é um género de música de que não gosto. Por isso, no meu dia-a-dia, evito ouvir rap porque não gosto.

Admito que possível que exista um certo encanto em ver pessoas a lutar dentro de jaulas. Admito que o Rap é um estilo como os outros e que, pelos fans que tem, tem com certeza o seu encanto. Admito que há músicas boas em todos os estilos. Eu não gosto e por isso não ouço. Há algum problema? Com tanta música de que gosto e que me dá prazer, com tanta variedade que há, vou esforçar-me para tentar gostar e ter desprazer a fazer algo porque não devia ser preconceituoso? A minha resposta é simples: ahahahaahhaahahahahaha!!!! ^^

4 comentários:

  1. devias ir ao dicionário ver o significado de preconceito, rapaz...

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  2. e usando o seu argumento, André, não existe «o» cinema português, existem dezenas de realizadores e centenas de filmes portugueses, de qualidade desigual. se à partida já decidiu que é sempre evitável uma entidade inexistente em si a que chama «o» cinema português, está a perder oportunidades de evoluir. é-me igual ao litro que isto lhe faça diferença, mas defender o sr. preconceito como meio de evoluição, parece fraquinho como chave para o jovem inteligente que o André é. mas, obviamente, cada um sabe de si.

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  3. Talvez seja melhor reler o meu post porque eu nunca disse que o Sr Preconceito é a chave da evolução.

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  4. eu também não disse que era a chave para a evolução, mas um «meio» para a dita: talvez fosse melhor, isso sim, o André reler o meu comentário. se tem dúvidas acerca do que eu digo que diz, então talvez deva também reler o seu próprio texto, porque o que diz é precisamente o que eu digo que diz. seja como for, pela minha parte encerro aqui esta discussão: pelo menos em blogue. bom dia a todos.

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