domingo, 20 de maio de 2012

O PRAZER DE PARTILHAR OPINIÕES

Tal como o José escreveu no seu último post “Os dois fundadores do clube conhecem-se muito bem e a sua amizade sai reforçada das suas discordâncias”.

Aliás já escrevi aqui um post intitulado “A Amizade no Clube de Cinema” em 3 de Abril de 2011 em que referia “as 4 formas de agir quando um membro do Clube de Cinema decide fazer uma escolha, com a qual não se concorda, e apresentar um filme”.

Nesse texto dizia que:

“Outras vezes decide-se ir à sessão e enfrentar o confronto de ideias. Sem preconceitos. De uma forma civilizada. Sem golpes baixos, truques de argumentação ou outros estratagemas conhecidos que não conduzem a um salutar debate. Aquilo que eu chamo de ‘debate honesto’. Sem vencidos nem vencedores. Tentando não transformar a conversa num jogo: em que vencer é mais importante do que ouvir o que o outro tem para nos dizer. Desta forma eu fico a pensar nos argumentos que me foram colocados e espero que o outro faça o mesmo.”

Por isso parece estar claro que sobre este assunto, eu e o José, estamos de acordo.

Quero, no entanto, também, esclarecer alguns pontos relativamente à minha postura no “Clube de Cinema”.

1. Este Clube sempre foi um projecto colectivo. No final do ano lectivo (e a meio) elaboramos um relatório/ balanço das actividades desenvolvidas que já tinham sido planificadas anteriormente. É esta a avaliação formal. A outra – a que corresponde à presença voluntária de alunos, professores e outras pessoas que nos têm visitado todas as semanas e que nos proporcionam o prazer de partilhar opiniões - para mim, é a mais importante.

Para mim, o prazer começa na 4ª feira. Tenho duas aulas de Educação Tecnológica das 10h20 às 13h30. Este ano lecciono 3 turmas de ET e 4 de TIC. No total, cerca de 150 alunos que eu tento “aliciar” para as nossas sessões. Que começam (normalmente) às 14h30. Foram-me atribuídas 3 horas não lectivas à 4ª feira para este fim. As minhas outras horas não lectivas são distribuídas da seguinte forma: no projeto de elaboração da revista Crítica (que tem tido uma periocidade anual), no acompanhamento de um aluno em regime de tutoria e dois tempos em aulas de substituição.

Na 5.ª feira seguinte registo as presenças das sessões e começo a planear a sessão seguinte. Este ano, excepcionalmente, (já há muito tempo que tal não acontecia) não tenho aulas nesse dia e, por isso, aproveito para elaborar o cartaz de propaganda do filme da próxima sessão, inicio a pesquisa necessária à realização de um folheto de 4 páginas, que é distribuído por todos os presentes no início da visualização do filme e preparo o material para colocar no blogue e no perfil do facebook. E faço tudo isto, novamente, com um imenso prazer. Como diz o José, “nenhum dos professores que abraçam a ideia e a ‘praticam’, todas as quartas-feiras, tem seja o que for a ganhar com essa participação. A não ser em termos de prazer, camaradagem e aprendizagem”.

2. Considero-me desde muito jovem um amante de cinema e portanto, se quiserem, um cinéfilo assumido (maior ou menor não sei como se pode medir isso). Vou para as sessões para ouvir, aprender e especialmente para ter o prazer de partilhar opiniões com todos os presentes. E dá-me um gozo enorme perceber que o aluno que eu conheci com 13 anos de idade, tímido, inseguro e apenas atento às outras intervenções, passados 3 anos tenha agora uma postura radicalmente diferente.

3. Para mim o debate não é um jogo. Nos jogos ganha-se e perde-se. E aqui, eu só “ganho”. Nunca perco. Porque, confesso, faço-o movido por um enorme interesse explícito: o prazer de partilhar opiniões.

4. Eu sei que o José utiliza a expressão jogar noutro sentido. Mas eu tenho alguma dificuldade em empregar esse termo para os nossos debates. E tento (não sei se consigo sempre), quando não concordo com alguma opinião, não “fulanizar” o debate. Não me parece que a palavra combate (mesmo que em sentido figurado) tenha sentido quando o José afirma: “entendo que debater significa, numa forma muito positiva e nada agressiva, entrar em combate”.

5. Como o José diz, a discordância também me estimula mas ela não tem que obrigatoriamente existir num debate. Pode haver apenas partilha de opiniões. E se existir discordância ela não terá que se transformar numa espécie de luta.

6. Por mim, este debate está encerrado. Por isso não tenciono alimentá-lo mais, mesmo que obtenha resposta. Seguem-se outros. E, principalmente, espero que continue a existir o prazer de partilhar opiniões.

1 comentário:

  1. Fecho como abri:

    “Os dois fundadores do clube conhecem-se muito bem e a sua amizade sai reforçada das suas discordâncias”.

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