sexta-feira, 11 de maio de 2012

Uma entrevista a Wim Wenders

Enquanto não aparecem os vídeos que o nosso convidado Luís Frias (que apresentou o filme da última sessão - "Paris, Texas) irá colocar por aqui no blogue, não resisti a deixar aqui um que descobri no youtube.

Trata-se de um excerto de uma entrevista a Wim Wenders para ser incluída num documentário chamado "Janela da Alma".

Este excerto, uma parte da entrevista que acabou por não aparecer no documentário, revela-nos um pouco sobre a personalidade deste realizador que vamos ter a possibilidade de acompanhar em mais dois filmes nas duas próximas sessões ("As Asas do Desejo" e "Pina").

A entrevista divide-se em 4 partes e talvez para abrir o "apetite" transcrevo a 1ª parte:

As imagens devem obedecer à história
"Quando comecei como cineasta com os meus primeiros filmes o maior elogio era se alguém dissesse: “Adorei as imagens!”. Mas hoje, é quase o contrário. Se alguém vir um filme meu e disser: “Lindas imagens!”, eu penso “Oh cometi algum erro.” Porque se foi isso que captaram não era o que eu queria. Acho que as imagens têm que servir uma história. As imagens têm que ser amarradas por uma história. E acho que as imagens ainda podem fazer isso, mas gosto de protegê-las. Acho que a melhor proteção que encontrei para as imagens são as músicas e as palavras. E acho que as imagens, se estão no contexto de uma história ainda assim precisam ser inseridas num contexto. E a melhor proteção que conheço e a que mais gosto de usar, é a música. Ainda sinto que um filme sem música seria inútil e de certa forma eu jamais o faria. Eu provavelmente sentiria que as imagens estariam nuas e desprotegidas e que ficariam doentes e logo morreriam."

4 comentários:

  1. É evidente que como já perceberam pela "etiqueta" que coloquei para este "post" que estou à procura de polémica...

    O nosso Blogue está necessitado disso (e da participação de mais pessoas.

    E como alguém já disse que existiu há pouco tempo uma "discussão de argumentos, um pouco surda" com "golpes duros e outros condescendentes" eu acho que o Clube de Cinema merece outro tipo de debate (como é dito pelo jornalista Joaquim Fidalgo no lema que adoptámos:

    “(...) Discutir os gostos do outro não é desconsiderá-lo - pelo contrário, é valorizá-lo, e querer entendê-lo, é abrir um debate que, depois de aberto, pode levar a muitas novas conclusões, do outro ou de mim próprio. Tentar convencer o outro de que o meu gosto é mais "gostoso" também não tem nada de mal, desde que eu o faça com argumentos e diálogo, num processo que me leva a ouvir também o que ele tem para me dizer dos seus próprios gostos. (...)

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  2. Caro Francisco
    Nem sempre me explico bem. A discussão foi digna e muito interessante. Apenas acho que a vossa divergência não é de substância mas de grau. Nenhum de vós (nós, se me aceitarem no debate) acha que não existe uma relação íntima entre o espaço e a história. Tanto assim que considero que Wenders é, (nestes dois filmes: paris , Texas e Asas do Desejo)um “contador de espaços” apesar do que ele refere na entrevista.
    Mas aquela história, o amor que queria ser "Paris" mas é “Texas” existe em qualquer espaço e tempo. E por isso nos conseguimos rever em alguns aspetos da história.
    Em conversa com um aluno que saiu antes do debate ele disse-me que havia aspetos no filme que achava pouco credíveis. Quais? Então o homem passava anos a andar no deserto? Ele tem razão na medida em que a noção de espaço é completamente diferente da dum europeu. O filme também vive da aridez e solidão daquele espaço.
    A “dureza” do debate apenas significa que defenderam as vossas posições com firmeza e isso é muito bom. Os debates demasiado simpáticos são muito aborrecidos.

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    1. A primeira coisa que me parece evidente é que a opinião do realizador, sobre o filme que fez, não muda absolutamente nada no modo como vi o filme, e esse argumente de "autoridade" convence-me pouco. Nem ele é já o "proprietário" da interpretação "certa" e "oficial" do filme. Por outro lado, também não penso que só os cenários, ou a imagem, ou a estética é que contam. Isso é que é reduzir e incompreender o meu ponto de vista. Nunca disse que a história não era importante: o que acho é que "aquela história" tem um peso que não é independente do espaço, mas, em grande medida, condicionado por aquele espaço, aquela vastidão (horizontal e vertical); nunca chamaria ao espaço, por exemplo, " o cenário", pressupondo que é precisamente um pormenor que se poderia alterar mantendo-se a "essência"; na minha perspectiva não há ali uma "essência universal" para além do espaço.

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  3. Como é evidente eu não penso que a opinião do realizador é a “autoridade” sobre o assunto.

    Até porque, como é dito na entrevista, ele já teve outra opinião e agora tem esta. As pessoas são livres de mudar de opinião. E eu mudo constantemente.

    Apenas coloquei este vídeo como “detonador” da divergência que pairou na última sessão:

    “o que acho é que "aquela história" tem um peso que não é independente do espaço, mas, em grande medida, condicionado por aquele espaço, aquela vastidão (horizontal e vertical)”

    Isto foi aquilo que o José escreveu.

    Além disso suponho também ter ouvido no debate que “aquela é tipicamente uma história americana” e como tal não concordando comigo que afirmei “ser uma história universal”.

    Mantenho o que disse e por isso vou colocar 3 excertos do filme no próximo “post” que ilustram o meu argumento.

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