domingo, 21 de junho de 2009

Obra Prima.

Será que podemos classificar um filme como uma obra de arte? Independentemente dos nossos gostos pessoais, dos meios e individuos envolvidos, a verdade é que o próprio nome com o qual muitos criticos de cinema se referem ao meio cinemático _ a sétima arte_ diz tudo! É uma forma de ver o cinema que eu de facto partilho, isto é, existe uma propensão ou disponibilidade artistica associada ao cinema, que poderá (ou não!) ter estado presente na mente dos irmãos Lumiére quando inventaram o género.
De todas as formas considero que assistir a um filme é sem duvida um acréscimo cultural. Ao ver um filme estaremos a nutrir o nosso lado artistico, tanto como quando vamos a uma galeria ver uma exposição, ou quando lemos um livro. Mas sendo assim quais as regras que permitem identificar aquilo que é arte e o que não o é? Será que dentro desta definição devemos abraçar apenas o que consideramos esteticamente belo e descartar tudo o resto? Não esqueceçamos que o cinema também possibilita um certo escapismo que é agradavel e o qual não será artisticamente tão exigente. Com esta introdução proponho relatar-vos a minha experiência de auto-descoberta sábado à tarde. Estimulado pelo facto de ter a tarde só por minha conta decidi ver um filme, mas como muitas vezes acontece, a decisão "morre" na linha de partida e encontrei-me indeciso sobre qual o filme que iria ver. Muitas foram as hipoteses consideradas, mas de uma forma geral procurei algo onde se destaca-se uma interpretação, um realizador, ou mesmo aspectos técnicos que eu considerasse como uma quebra com o convencional _ para todos os efeitos uma OBRA DE ARTE_ , quando fui subitamente interrompido por gargalhadas na sala ao lado. Era a minha familia, que juntos viam uma cena caricata do filme Um sogro do pior. Acabei mesmo por ver o resto do filme com eles. Sem duvida uma reviravolta em termos de escolha, tanto porque não considero este filme uma obra prima, mas também porque já me referi a ele de uma forma desagradavel como o inicio do fim da carreira do meu actor preferido, Robert DeNiro. Porque gosto de perceber os meus proprios gostos, practico com frequência um exercicio de analise às minhas decisões e aquilo que me define, e como tal tentei justificar, a mim mesmo, a minha esclha estabelecendo uma analogia que vos deverá parecer algo bizarra, entre ver um filme e comer uma refeição: todos nós temos no nosso conjunto de preferências aquele (ou aqueles ) pratos que consideramos iguarias, seja o peru de natal, o borrego assado da Páscoa, um insólito prato de caviar, etc. Mas imaginem comer sempre este tipo de refeição a toda a hora ou todos os dias. No fim estaremos a salivar (literalmente) por um convencional bife com batatas, ou um vulgar prato de feijão com arroz. Se eu quiser disfrutar de um filme, a minha escolha vai sempre para um conjunto de filmes que eu considero obras de excelência, como um Kubrick, um Kurosawa ou um Hitchcock, para referir apenas alguns. Mas chega a uma altura que é necessário variar um pouco, recarregar baterias, para que a fome não de em fartura, e nessa altura lá marcha um Código DaVinci, um Mumia 3, ou mesmo Um sogro do pior. Não é que isto seja uma escolha ou práctica consciente, mas sim um hábito que acabo sempre por minimizar numa tentativa de justificar uma pretensa incapacidade de cultivar a mente com um filme de qualidade. Mas a verdade é que no fim do filme, aquelas horas nunca são dadas por perdidas, e reina sempre um sentimento de satisfação, porque ao fim e ao cabo, como eu referi no inicio, o cinema também existe para poporcionar um certo escapismo e diversão despretenciosa (no melhor sentiodo da palavra).
PS: Gostava de ter colocado umas imagens, mas mais uma vez sou vitima das minhas próprias limitações, pois tentei colar algumas só que não fui capaz!

19 comentários:

  1. Compreendo-te perfeitamente. Alguns filmes de que até me envergonho e me embaraça falar-vos (não, não se trata de pornografia, só mesmo filmes muito maus...) fazem parte daquilo me diverte e fruo sempre com grande prazer. Ao contrário do André, eu quero ver de tudo, consoante o meu estado de espírito. Há momentos em que NÃO SUPORTO grandes obras-primas!!!
    Quanto a não saberes colocar imagens, meu caro, não se trata de uma limitação tua. Sabes que eu sou o orgulhoso autor de um blogue que, durante anos, se orgulhava de não ter uma única imagem? Pois é verdade. Não era capaz, não punha, e estava muito bem. Só agora, pela primeira vez, POR CAUSA DO BLOGUE DO CLUBE DE CINEMA, é que me comecei a aventurar. E, como vês, já não quero outra coisa...

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  2. Adorei este post, até porque há sempre posts que eu leio e penso "eu já pensei nisto tantas vezes...". É uma coisa que me chateia um bocado, admito, isto de às vezes nos fecharmos apenas ao que é considerado "Obra Prima" ou simplesmente o que consideram de "bons filmes". Não sei o que é isso... Sei que há filmes que fazem parte da história, sei que há filmes que inovam, que marcam e que são de facto óptimos. Tenho consciencia que grande parte dos que gosto talvez sejam aqueles que são considerado bons, mas é como há uns tempos me aconteceu e me acontece, sendo eu um ser humano que é de alguma forma diletante, é normal eu ter uma fase em que só vejo esses tais "bons filmes", ou me apetece comer uma bela refeição bem preparada e quentinha, e acontecer de um dia para outro já me apetecer ver aqueles filmes que servem e são feitos precisamente e só para nos distrairem e divertirem, ou comer uma bela refeição à base de hamburguer batata frita e várias gelatinas. Acontece. E eu não tenho vergonha nenhuma, fico feliz por conseguir ver o que me apetece sem ter peso na consciência. Se não experimentasse de tudo é que me sentia triste!

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  3. Eu gosto bastante do filme Um Sogro do Pior e ainda mais da sequela Uns Compadres do Pior (com o Dustin Hoffman e a Barbra Streisand - dois actores judeus - o que nos liga ao post do professor josé), sobretudo quando nos sentamos um pouco a pensar nas comédias que têm estreado ultimamente - e que se limitam a coisas grosseiras e repelentes (pelo menos para mim, pois sei que o guilherme aprecia este género).
    Não concordo com essa ideia da Beast de que ver obras-primas cansa, por outro lado, ver porcarias é que cansa. E estamos rodeados de porcarias. Vamos ver quantos filmes bons é que estrearam o ano passado - dois ou três. Se pegarmos num ano - como 1934 ou 1941, ou algo do género, somos capazes de encontrar cinquenta ou sessenta bons filmes. Isso até se reflectia nos óscares (uma cerimónia ligada à produção e ao sucesso em vez de ligada à qualidade, e cheia de preconceitos, é verdade) mas onde nos anos trinta chegavam a ser nomeados dez filmes para a categoria de melhor filme!!! E não é um exagero. A decadência do cinema é real - está a acontecer agora. No filme que eu recomendei Chacun son Cinèma esse tema era frequentemente explorado - aliás, de longe o mais explorado. (Para perceberem o que eu digo, o melhor seria verem o filme.) Por isso, quando eu tenho a oportunidade de ver um Welles, um Lubitsch, um Lang... - por amor da santinha, é um alívio!!!
    Quanto à pergunta sobre a definição de arte e obra-prima, aí entramos num domínio mais filosófico (e também mais complexo) que exigiria mais tempo (que agora não disponho). Ficará, porventura, para outra vez, a minha opinião neste assunto.

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  4. Não é que não queira concordar contigo João, isto relativamente a maior ou menor afluência de filmes de qualidade elevada em anos anteriores quando comparado ao cinema que se produz hoje em dia. Tanto mais que sempre que surje a hipotese de ver um filme eu considero sempre (inconscientemente) em maior numero obras já com alguns aninhos do que filmes produzidos em anos mais recentes. Mas na verdade isto passa um pouco pelas minhas preferências, o que me leva muitas vezes a tentar distanciar-me da minha pessoa (se tal é possive!): nessa altura não consigo deixar de pensar um pouco no que o Prof. José disse numa das nossas sessões, relativamente ao efeito que o passar do tempo tem, não só no filme, mas nas pessoas em si. Ou seja, a forma como vemos um filme pode tanto ganhar como perder, à medida que este ganha algum distanciamento, não só no tempo mas também no contexto social.

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  5. Mas Eça eu não disse que os filmes bons cansavam, tenho é a certeza que se não experimentar as coisas, só porque as outras pessoas as consideram péssimas, nunca vou saber o que é bom ou mau. Por isso acho que sim, que é preciso haver maus filmes e que não nos podemos fechar tanto, visto que só sabemos o que um filme vale quando o vemos. E no entanto é relativo, dizes que o cinema está em decadencia, e eu nunca posso argumentar muito bem contra ti porque parece que a tua pesquisa e sabedoria no cinema já vem desde que nasceste, mas o facto é que desde que se faz cinema que há filmes que um grupo acha bom ou mau, e o que nos chega acaba por ser a herança desses grupos. E há uma questão ainda maior que é: como poderemos todos nós ter a mesma percepção do que é um bom e um mau filme, e consequentemente dizer que o cinema está em decadencia? Apareceu no nosso século talvez aquela coisa do filme que não é feito pela arte em si mas mais pelo comércio, ainda assim é considerado cinema e faz parte. Há uns anos talvez houvessem outros defeitos de época que este veio apagar, não quer isso dizer que se façam menos filmes bons. A evolução não pára e com ela também vêem as consequencias, boas e más. A nós compete-nos pensar por nós proprios e deixar a cada um a liberdade de gostar, independentemente do que nos dizem que deve ser ou não. Se o que vende mais é aquilo que foi feito para vender, pena para aqueles que pensam que o cinema arte devia receber melhores prémios monetários. E se o problema for esse, quem o tem acaba por resolver. Não me compete a mim alterar a minha consciencia para que uns ganhem mais ou menos, nem a de alterar os gostos dos que me rodeiam para que eu ganhe e eles não vejam aquilo que não me agrade. Sugiro-lhes antes que vejam aquilo que eu gosto com respeito, assim como vejo o que os outros gostam, também respeitando e com consciencia que por muito mau que possa achar que o filme é, ao menos arrisquei-me a vê-lo.

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  6. Claro que tens razão. No início da sua "formação cinéfila", o ser humano tem que ver mau e bom, aprendendo a distinguir os dois. A grande questão está em que a maior parte das pessoas aprende por si próprio e assim é sempre mais difícil. Tenho um amigo cujos pais são completamente anti-cultura e que acham quase desrespeitoso que filho leia. No entanto ele insiste em ler. Como não tem nenhum "acompanhamento", não sabe o que é bom e o que é mau. Assim, é frequente encontrá-lo a ler Júlio Verne, depois Maalouf, despoi Harry Potter! Não há nada mais incongruente!!! É preciso que uma pessoa vá evoluindo e, nesse aspecto, os Harry Potter podem ser úteis numa fase inicial. Mas se ficamos toda a vida nessa fase, então é porque não aprendemos a evoluir. O mesmo aplica-se ao cinema. Não estou a dizer que todos os míudos de quatro anos tenham que ver o Citizen Kane ou o Couraçado Potenkim, como eu vi, mas se começarem com a Missão Impossível 47, passarem para um Infiltrado, depois para uma Jackie Brown, depois para um Falcão de Malta ou um Casablanca e acabarem num Terçeiro Homem, espectacular! Assim é que é! Sempre a evoluir. Se quando chegarmos ao patamar do terceiro homem quisermos ainda ver a missão impossível 97, então algo falhou. Deveríamos era querer ver o Touch of Evil ou o Mr.Arkadin.
    Para além disso, uma pessoa (por mais que se esforçe) nunca terá na sua vida tempo para ver todos os filmes que existem. Matematicamente impossível! Por isso, deve-se limitar àqueles que têm grandes hipóteses de qualidade. Nesse aspecto o André Vieira tem razão, quando afirmou um dia que a partir daí só ia ver bons filmes. O que pode estar mal é o seu padrão de definição de bons filmes. E, para mim, o gosto não de deve intrometer com a qualidade. Exemplo: Se me perguntarem qual é o melhor filme do Orson Welles, eu terei que responder que é o Citizen Kane. Mas o meu favorito é o Chimes At Midnight!! Não tem nada uma coisa a ver com a outra! Quando vou ao cinema, escolho sempre o filme que me parece melhor. Não vou ver todos para dizer quais são bons ou quais são maus. Exemplo: No outro dia fui ao cinema e tinha estreado os Transformers 2, o Coco Avant Chanel e o State of Play. Os transformers 1 tinha sido uma porcaria do piorio (é do Michael Bay, um dos realizadores mais comerciais=fracos de sempre), o Coco Avant Chanel não tinha nenhum atributo especial e as críticas diziam mal e o o State of Play contava com as interpretações da Helen Mirren e do Ben Affleck, para além de ser dirigido pelo Kevin MacDonald (realizador de O Último Rei da Escócia e de vários documentários muito interessantes). Fui ver o filme, e embora não sendo uma obra-prima de originalidade, satisfez-me e fiquei contente porque descobri o Russel Crowe na sua primeira boa interpretação (o que nos leva de novo à questão de O que é um bom actor?). É assim que se deve fazer. Seleccionar entre os filmes. Aprender a seleccionar entre os filmes. Aquelas pessoas que dizem: Não viste, não sabes, são pessoas burras e hipócritas.
    Quanto aos filmes recomendados por outras pessoas, sou o primeiro a dizer que se conhecemos o gosto de outra pessoa e nos identificamos com ele, deveríamos ser os primeiros a partilhar filmes. Mas eu nunca emprestaria o Citizen Kane ao Vasco, por exemplo (e a mais pessoas). No entanto, acho, e acho muito, que devemos interferir nos gostos das outras pessoas. Se sabemos que uma pessoa pode aprender mais, devemos ensiná-la, ou ela ficará para sempre na mesma condição ignorante. Pessoas como o André Vieira são difíceis de ensinar, mas até a ele lhe consegui emprestar alguns filmes e ele gostou! E desde que começou o clube já vi pelo menos dois filmes que nunca tinha visto: Amélie e o Four Rooms, o que me ajudou a perceber os gostos dos outros membros do clube. Assim, tentarei quase imperceptivelmente influenciar os gostos dessas pessoas. Ainda no outro dia emprestei o Acossado do Godard à Mónica e estava a pensar emprestar uns filmes do Peckinpah ao Sacramento.

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  7. comentário parte II:
    Cheguei a essa conclusão através da convivência no dia-a-dia e estou convencido de que o Sacramento gostará dos filmes do Peckinpah e que gostará que eu os empreste. O que não quer dizer que só emprestemos filmes que saibamos que o outro vai gostar. Eu próprio vi o Trainspotting, emprestado pelo Sacramento, e sabia já que não ia gostar do filme - e não gostei. Por isso, se virem que têm algum filme que faça mais o meu género, emprestem-mo sem pensarem duas vezes! Agora, se fora para me emprestarem um spielberg ou um scorcese, então deixem estar. Porque eu não farei como a Beast, só para ficar com a consciência limpa. Em primeiro porque assim estaria a ser hipócrita para comigo e em segundo porque a concsicência é uma maquinação diabólica da igreja para enriquecer.

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  8. Consciencia limpa? Naaaa...simplesmente é da minha personalidade não fechar a mente ao que não conheço :P não te confundas

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  9. E criticas a maquinação diabolica, neste caso da igreja numas coisas, mas depois defendes que os nossos gostos devem ser "orientados" segundo certos padrões...não consigo perceber isso. Compreendo que tenhas ideias diferentes, e não te vou impor nada, respeito-te apesar de não concordar, claro. Mas sinceramente, por exemplo na situação do teu amigo, secalhar teve o azar de não ter quem o apoiasse intelectualmente em casa, mas se ele tem por iniciativa a vontade de ler então que descubra por ele próprio. Que leia de tudo, sim, mas sem que lhe imponham regras de qualidade. E que com isso aprenda alguma coisa, principalmente a ser individuo. Estar a impor regras de "gosto" é fazer das pessoas ainda mais maquinizadas do que já são pá! Secalhar o que um Harry Potter te ensina a ti, que achas que nunca te valerá de nada, ele apanhe de uma forma positiva, nem que seja por ter a liberdade de poder escolher o que lê. E continuo a achar que cada pessoa deve escolher o caminho que quer seguir, eu pessoalmente posso não ter tempo para ver todos os filmes que quero, no entanto não é por isso que vou deixar de ver o que me apetece e não o que me dizem para ver. Claro que tem que se fazer escolhas, mas também não nos podemos prender apenas à crítica e ao que ouvimos, às vezes é bom ser um pouco intuitivo, acabamos por aprender e descobrir mais coisas. Podes ter a certeza que grande parte dos inovadores e pioneiros que já passaram por este mundo sabiam que presos ao que os outros já sabiam, não iam a lado nenhum.

    Ps: Fui ver o Coco Avant Chanel, gostei do filme: música, fotografia, interpretação. A história talvez se centre um pouco no sentimental da coisa, mas foi o único aspecto a apontar, que me lembre.

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  10. Eu vejo as coisas de forma diferente. Quando eu digo que uma pessoa deve ser orientada, é só para facilitar as coisas. Eu tenho a perfeita consciência de que se não tivesse tido a minha educação, haveria 90% de hipóteses de eu nem saber quem foi o Orson Welles. Essa é que é a verdade. Se não conhecesse não me faria falta, mas nem saberia o que estava a perder. E é para isso que serviu a evolução. Imaginem o que seria se quando nascêssemos fosse tudo como nos primórdios dos tempos: não soubéssemos que a terra era redonda, acreditássemos em deus, pensássemos que descendíamos de adão e eva, etcetera. Seria impossível sobrevivermos. Temos, portanto, que ser ensinados por aqueles que já sabem como É, aqueles que viveram antes de nós. E isso aplica-se a qualquer coisa. Se cada um de nós descobrir o cinema sozinho, precisaríamos de trezentos ou quatrocentos anos para saber o que aprenderíamos em dez anos, se ensinados pelos nossos pais, por exemplo. Agora, quando eu falo de ensinar e orientar, é como tudo o resto. Tem também que se ensinar a pensar sozinho, que é como dizia o Mark Twain, a única coisa que interessa na vida. Portanto, o ser humano tem que aprender o mais que puder e ao mesmo tempo aprender a pensar por si próprio. Isso parece-me bastante óbvio. Só em ditaduras fascistas e comunistas e em estados religiosos é que não se incentiva o ser humano a pensar por si próprio.

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  11. De facto, concordo com a instauração de um cânone, mas só até certa medida. O que eu quero dizer é que o cânone não estabeleceria o que casa um tinha de gostar. Ridículo! Apenas que um Citizen Kane não é a mesma coisa que um Raging Bull ou uma Impossible Mission. Agora, claro que as pessoas deveriam poder escolher: ah, o que é que preferes? O Touch of Evil ou o Third Man? Eu prefiro o Third Man. Eu não. etcetera. em vez das conversas que temos hoje em dia: ah, não sei qual é melhor, se o Harry Potter 2 ou o Harry Potter 307... Ah, para mim, prefiro o The Bourne Identity! É muito melhor.
    Poupem-me. Isto é um sinal de ignorância! E não quer dizer que uma pessoa não possa, ocasionalmente (eu diria mesmo, muito raramente) ver um desses filmes para distracção. Aliás, eu sou o primeiro a admitir que adoro o Ed Wood, de tão mau que é!!!

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  12. Sim sim sim, claro que somos sempre ensinados pelo que nos é passado. Não somos mais que heranças, é um facto. E nem sei bem se alguma vez conseguimos ter pensamentos completamente independentes do meio e de tudo o que nos criou, não sei. Mas ainda assim indo mais à superficie da discussão, nós actualmente estamos numa era em que se chega muito facilmente a muito tipo de informação e tal acontece com o cinema também, por isso a probablidade de conheceres muitos filmes e saberes muito de cinema é grande, basta-te que te interesses minimamente. Por isso é fácil fazeres, hoje em dia, uma aprendizagem independente e que não demore centenas de anos, como dizias. Sim vais ser sempre influenciado por tudo o que fez de ti o ser humano que és, mas isso é em tudo o que tu fazes. Por isso o que podes tentar fazer é, ainda que sob a influencia que já tens de quem te criou, criares uma personalidade muito tua e assim dares a ti próprio a liberdade de poder gostar intuitivamente das coisas, só pelo simples gosto, e afastares-te um pouco de vez em quando de tudo o que te ensinaram. Porque é impossivel hoje em dia não levar algum dia com uma carga de sabedoria de algum lado, a informação voa nos dias de hoje. Quando estás em contacto com toda esta informação, e te interessas, acabas por criar em ti um sentido crítico diferente. E isso vai fazer com que tu, independentemente de tudo o que te dizem e te impoem, vás começar a distinguir o que é bom do que é mau, para ti. Logo acho que não é necessário estabelecer regras, a não ser para quem opta por querer seguir estas regras. Que penso ser o teu caso (?), e fazes bem, se o fazes porque queres. Eu pessoalmente não me vou prender a nada, porque acho que só se experimentar é que sei o que gosto ou não, e vou continuar a fazer-me semi-mouca para certas regras, que muitas vezes a mim não me dizem nada, porque sei que não posso concordar com tudo e porque o cinema é uma arte e a arte é subjectiva e discutivel.

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  13. Peço desculpa, o texto está todo mal escrito, mas deu para dar a ideia :P

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