segunda-feira, 11 de maio de 2009

ELE HÁ HUMOR E HUMOR

Já todos ouvimos a afirmação de que o humor é um acto de inteligência; Bertrand Russell, com o seu espírito e gosto por boutades, invertia os termos e preferia dizer: «Todo o acto de inteligência é um acto de humor».
Desconfio profundamente de ambas as teses.

Nem sempre o humor é um acto de inteligência - embora devesse sê-lo, claro -, porque é um facto incontornável que existem formas de piada banais, fáceis, fracas, grosseiras, lineares, superficiais, ou seja, que estão, intelectualmente, ao nível do pim pam pum.

E nem sempre os actos de inteligência são actos de humor, porque sei de pessoas brilhantíssimas, senhoras de uma vasta e prolixa cultura, que, no entanto, se revelam perfeitamente cegas para aquilo a que mais remotamente se pudesse chamar humor.

E portanto, deste ponto de vista, torna-se difícil aceitar que me possam explicar, racionalmente, o que é mais engraçado do que quê. A quem pretenda, por exemplo, que os Monty Python se dedicam a espremer situações potencialmente engraçadas até que estas percam inteiramente a piada, poderia eu responder que falta porventura perceber como, num quadro de nonsense, o cómico pode estar precisamente na demora e na repetição, até na insistência quase a raiar o fastidioso. (Uma das cenas que, em cinema, ainda hoje mais me fazem rir está num filme de Chaplin. Buster Keaton tem, aí, um pequeno papel: é um pianista desajeitado, grotesco, que tenta acompanhar Chaplin ao piano enquanto as pautas lhe caem continuamente e ele, continuamente, as tenta recolocar sobre o piano. Há, durante o episódio, dados novos: as constantes invenções de Chaplin. Mas o que, para mim, faz a grandeza cómica desta cena deve-se, em grande parte, à intervenção de Keaton e, nesta, a trapalhada com as pautas é hilariante, na sua demora repetitiva, angustiada e desesperada. Ficamos de tal forma nervosos, que esse momento ainda parece mais longo do que na realidade será! Nós seguimo-lo com um olhar apiedado, mas não podemos deixar de rir, com um riso de que, aliás, nos sentimos quase culpados: mais do que cómico é, aqui, de tragicómico que se trata).



E nem é verdade que nos deliciosos irmãos Marx, referidos como contraponto dos Python, tudo seja vertiginosa rapidez: por uma curiosíssima coincidência, o gag (excelente) postado pelo Francisco é, até, o exemplo de uma situação que se prolonga até à exaustão, nunca perdendo a eficácia.

O problema com o humor é este. Ninguém me consegue explicar o que tem graça. Ou o que «tem de ter» graça. Ou o que «deve ter» graça.

Só há um critério: o que tem graça, para mim, é... o que me faz rir...!

2 comentários:

  1. Ficaria muito satisfeito se alguém me ensinasse como incluir um vídeo do youtube (em formato youtube) no post. Ao princípio, como eu não sabia fazê-lo, utilizei um programa para tirar os vídeos do youtube, mas quando faço o download, eles vêm noutro formato que demora uma eternidade a carregar no blog. Alguém se importa de me explicar por favor?

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  2. A propósito da dificuldade que se encontra em definir algo como "mais engraçado" que outra coisa qualquer, deixo aqui a minha opinião:
    O que é engraçado para um, pode não o ser para outro. Depende de cada um. Existem pessoas que riem com mais facilidade, outras mais sisudas que raramente riem, umas que só se riem com a desgraça dos outros e outros que nunca se riem, quaisquer que sejam as circunstâncias. É claro que existem as chamadas "piadas secas" e o humor mais inteligente, mas para mim, o humor tem qualidade quando faz as pessoas rir - e garanto-vos que não há nada mais difícil do que fazer as pessoas rir (e cada vez é pior!). É por isso que admiro o trabalho dos humoristas

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